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O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (31), após abrir a R$ 5,40, numa reação inicial negativa dos mercados à vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora o desfecho já fosse esperado por grande parte dos mercados financeiros.
Neste pregão há ainda a formação da Ptax de fim de mês — taxa de câmbio calculada pelo Banco Central usada como referência para operações financeiras —, o que torna o pregão volátil.
A moeda norte-americana caiu 2,55%, cotada a R$ 5,1654. Veja mais cotações. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,4095.
O que está mexendo com os mercados?
“O mercado já vinha precificando a vitória do Lula desde antes do primeiro turno”, avaliou à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. Embora tenha notado certa apreensão do mercado com a vitória do petista, ele disse que “a definição clara de uma equipe econômica ortodoxa pode até virar os mercados nessa reação inicial”.
O foco agora se volta às sinalizações sobre a futura condução da política econômica e os arranjos políticos.
“A eleição apertada exige que o presidente eleito faça composição com o centro”, disse à Reuters Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra, que viu como “muito positivo” a referência à união nacional feita por Lula em discurso logo após sua eleição, com agradecimentos a apoiadores de fora do seu partido.
José Alberto Baltieri, gestor da ASA Investments, disse que a maior expectativa é em relação ao nome do próximo ministro da Economia.
“É aí que o Lula consegue se diferenciar e ganhar o voto de confiança do mercado”, afirmou, destacando que haveria uma reação negativa à indicação de um político.
“Os grandes impactos no mercado virão após a sinalização do ministro da Economia, que, por consequência, vai pautar o programa econômico de Lula”, reforçou Luciano França, sócio-fundador da Avantgarde Asset Management.
“Teremos cenas dos próximos capítulos. O que é esperado é um resultado ruim para os ativos públicos, dado o histórico de gestões anteriores do Partido dos Trabalhadores, principalmente durante o governo Dilma.”
Além disso, a permanência de incertezas sobre a agenda econômica e fiscal do presidente eleito segue sendo motivo de preocupação.
“Pelo prisma econômico, o lado fiscal é a grande preocupação, principalmente no tocante ao teto de gastos”, disse à Reuters Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos.
“Um novo modelo de ancoragem fiscal deve ser estudado pelo novo governo, e o fato é que aumentar os gastos de forma demasiada ameaça a sustentabilidade da dívida, joga pressão sobre as taxas de juros longas e pode levar a saídas de dólares do Brasil.”
Felipe Reymond Simões, economista e diretor da WIT Asset, disse que, embora espere um “reajuste mais forte” dos ativos brasileiros nos primeiros momentos após a eleição de Lula, com o tempo “o mercado vai voltar as atenções para o que está acontecendo lá fora e vai se ajustando aqui no Brasil conforme o novo governo vai adotando algumas medidas na economia de forma mais concreta”. É preciso esperar para ver quem vai ser o chefe da pasta econômica do petista, acrescentou Simões.
Os mercados financeiros reagiram bem durante a campanha de Lula a especulações sobre a nomeação de um rosto amigável aos mercados para o cargo de ministro da Fazenda, como o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. No entanto, Lula se recusou a confirmar um nome.
Ainda no cenário local, economistas do mercado financeiro elevaram de 5,60% para 5,61% a estimativa de inflação para este ano. Com isso, foi interrompida uma sequência de 17 semanas de queda do indicador. De acordo com o boletim Focus, a previsão para 2023 ficou estável em 4,94%.
No exterior, a inflação da zona do euro superou as expectativas mais uma vez este mês ao atingir um recorde de 10,7%, o que indica novos aumentos das taxas de juros pelo Banco Central Europeu. uma vez que as pressões sobre os preços parecem estar se ampliando.
As pressões inflacionárias também nos EUA mostram que o Federal Reserve (BC norte-americano) pode aumentar a taxa de juros em 0,75 ponto percentual nesta semana.
O Fed aumentou sua taxa de juros de quase zero em março para a faixa atual de 3,00% a 3,25%, o ritmo mais rápido de aperto monetário.