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NA SUÍÇA

Fórum Econômico Mundial começa hoje com mundo de olho no Brasil

Denis Balibouse/Reuters

Começa nesta segunda-feira (16) o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O tema da reunião anual deste ano, que promoverá o encontro de líderes políticos, de empresas e da sociedade civil, será a “Cooperação em mundo fragmentado”.

CNN confirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vão representar o Brasil no encontro e discutir com a comunidade internacional temas relacionados às pautas econômicas e às questões ambientais.

Marina Silva, alinhou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) duas mensagens-chave para levar, ao lado do titular da Fazenda, Fernando Haddad, aos participantes do Fórum Econômico Mundial: economia e sustentabilidade vão andar juntas no governo, e a democracia brasileira está sólida, apesar dos atos criminosos ocorridos em 8 de janeiro que destruíram as sedes dos Três Poderes da República, informa o analista da CNN, Iuri Pitta.

A própria escalação de Haddad e Marina como representantes do governo brasileiro, na avaliação de interlocutores da ministra, tem o simbolismo de mostrar o quanto a agenda ambiental está conectada com a econômica. Para a titular do Meio Ambiente, o Brasil ficou para trás em relação à prioridade dada à sustentabilidade em países desenvolvidos, em especial os europeus.

Fernando Haddad participará de dois debates, um na terça (17) e outro na quarta-feira (18). O primeiro painel, intitulado “Brasil: um novo roteiro”, acontece às 4h30 (horário de Brasília) e trata da desaceleração econômica global e dos desafios sobre as demandas domésticas.

Um dia depois, Haddad volta ao palco para falar sobre as diversas lideranças na América Latina, além das políticas econômicas e o papel global da região. O debate ocorre às 11h15 (horário de Brasília).

Já Marina Silva vai participar do primeiro debate público organizado nesta edição, chamado “Em harmonia com a natureza”. O debate com a participação da ministra acontece às 14h30 (horário de Brasília), logo após a cerimônia de abertura, e terá duração de uma hora.

A ministra volta a participar do Fórum na quinta-feira (19), no painel “A Amazônia em uma encruzilhada”, às 13h30 (horário de Brasília).

O Fórum Econômico de Davos terá duração de uma semana. Nomes como Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, Al Gore, vice-presidente dos EUA entre 1993 e 2001, e Gustavo Petro, presidente da Colômbia, estão entre os confirmados do evento.

Quem se interessar, pode ver a lista completa de participantes e a programação dos cinco dias de evento no site do Fórum Econômico, clicando neste link.

Economia

Com Haddad à frente da comitiva brasileira para as questões econômicas, especialistas ressaltam que o Brasil tentará passar uma visão positiva sobre a economia do país, provavelmente sob o aspecto fiscal, com a intenção de criar um novo arcabouço.

“O Brasil vai buscar reverter o isolacionismo que viveu na era Bolsonaro, principalmente em relação a alguns parceiros comerciais importantes. Além disso, acho que pode haver uma manifestação de busca pela redução da fome e da pobreza no país”, declarou Roberto Dumas, professor de economia do Insper.

Além de Haddad, o Ministério da Fazenda confirmou à CNN confirmou a ida de Mathias Alencastro, assessor especial do ministro, e de Tatiana Rosito, secretaria de assuntos internacionais, para Davos.

“A economia vai ser uma temática importante para o Brasil, além de ter destaque nas discussões entre os representantes do mundo todo por uma simples questão: vai ser o primeiro Fórum de Davos com o planeta recuperado da pandemia”, pontuou Roberto Macedo.

Para o especialista, esta edição traz uma perspectiva econômica de medidas de urgência a serem tomadas pelas lideranças atuais, algo que não era visto com tanta frequência nas reuniões anuais anteriores.

“Por essa razão, devemos ver como os países estão trabalhando em uma estruturação de desenvolvimento econômico pós-Covid. Países como o Reino Unido, por exemplo, que estão com dificuldades maiores que os outros. Diferente dos anos anteriores, agora será debatido o que fazer para não piorar a situação, ações de caráter emergenciais”, concluiu.

Defesa da democracia

Segundo especialistas consultados pela CNN, o ataque aos Três Poderes no domingo (8) em Brasília deve ganhar destaque entre as principais discussões do Fórum, com atenção dos debatedores à defesa da democracia e das instituições.

“Temos duas realidades, uma de como deveria ocorrer as reuniões antes dos ataques e outra sobre como elas vão prosseguir após o que aconteceu. A impressão que fica de antes era que o governo brasileiro tentaria passar uma visão de estabilidade econômica no país, mesmo não sendo um governo liberal, com a austeridade fiscal em pauta”, destacou Roberto Macedo, professor de Comunicação Política na Mackenzie.

“Mas depois dos ataques e da solidarização do resto do mundo, acho que isso vai mudar muito. A forma de abordagem do Brasil será voltada em cima do controle do equilíbrio democrático no processo de manutenção da paz”, disse.

O especialista ressaltou que, desde a ação criminosa que aconteceu na capital federal, o Brasil passou a ser tratado como protagonista no cenário mundial atual, chegando a ser pauta de conversas entre os países membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), além de contar com a atenção de outras organizações mundiais.

“O Brasil não perdeu o controle, então o governo tem que aproveitar esse espaço de fala e tratar dos temas que realmente envolvam seus interesses, além de uma defesa de temas internacionais moderados, o que não tornaria o país um pária aos olhos do mundo, diferentemente do que aconteceu na gestão anterior”, declarou o professor.

Meio Ambiente

O meio ambiente sempre é pauta nos debates anuais em Davos pela comunidade internacional, mas Roberto Dumas acredita que este ano o governo federal terá outra estratégia em relação aos últimos fóruns.

Para ele, a escalação de Marina Silva junto de Haddad representando o Poder Executivo brasileiro não é apenas simbólica, como pretende incentivar o diálogo com agentes importantes na área ambiental.

“Acredito que a intenção de mostrar os danos que o país teve nos últimos quatro anos com Bolsonaro é muito clara. A comitiva vai buscar se reaproximar e se comprometer com questões ambientais e de sustentabilidade importantes, assuntos que eram tratados com mais rigidez na gestão anterior”, declarou o professor.

Segundo o especialista, um dos temas citados deve ser as queimadas na Amazônia e a preservação da fauna e da flora da região.

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ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO

  • 16 de janeiro de 2023 às 17:44:23