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Durante a 15ª edição do evento Previsão de Safra, realizado em Brasília no dia 1° de março, representantes do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) apresentaram dados que comprovam a importância da implementação de práticas sustentáveis na agricultura brasileira. Para os pesquisadores do instituto, reduzir as emissões do agronegócio e frear as mudanças climáticas pode evitar perdas de safra, potencializar a produção e valorizar as exportações brasileiras.
O evento foi realizado pela Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) e pela Anea (Associação Nacional dos Exportadores de Algodão) e contou com a participação de produtores agrícolas dos setores de soja, milho e algodão, além de representantes políticos e ambientalistas.
Um estudo da pesquisadora do IPAM e do Woodwell Climate Research Center, Ludmila Rattis, publicado na revista científica Nature Climate Change, em 2021, demonstra que cerca de 30% das áreas agrícolas produtoras de milho e soja do centro-oeste já saíram do ideal climático para a produção. Segundo projeções, se o ritmo atual de desequilíbrio climático for mantido, até 70% das propriedades estarão em áreas impróprias para o cultivo nos próximos 20 anos.
Segundo o Departamento de Agricultura norte-americano, produtores de algodão do Texas abandonaram 74% de sua produção – cerca de 6 milhões de hectares de terra cultivada – em decorrência do calor e do solo empobrecido, consequências diretas da emergência climática mundial. A quebra de grande parte da safra forçou a disparada de preços do material e compôs a inflação dos EUA no último ano.
“O Brasil compete com outros países na exportação de sua produção agrícola. Por isso, queremos mostrar as soluções que podem alavancar nossa imagem e fazer com que o país tenha uma posição competitiva no cenário internacional, apontando soluções para o agronegócio reduzir suas emissões”, afirma o coordenador regional do IPAM no Mato Grosso, Richard Smith.
Dentre os projetos destacados durante a apresentação está o Conserv, que desde 2020 reconhece e incentiva a participação de produtores rurais na conservação e oferece compensação financeira àqueles que mantêm florestas em propriedades rurais além da área exigida por lei. Atualmente, o projeto é responsável por evitar a emissão de 1,9 milhões de toneladas de CO₂ e proteger quase 15 mil hectares de vegetação nativa.
“Temos desenvolvido um conjunto de pesquisas, projetos e políticas públicas que possam alavancar esse posicionamento do agronegócio brasileiro internacionalmente, melhorando nossa reputação e participando das soluções para o enfrentamento das mudanças climáticas e o fortalecimento da produção agrícola”, completou Smith