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De volta ao cinema após a batalha judicial travada contra a ex, a atriz Amber Heard, Johnny Depp inflamou ânimos, mas renovou seu grupo de fãs em sua passagem pelo Festival de Cannes, à frente do longa-metragem de abertura do evento de cinema: “Jeanne du Barry“, da Maïwenn. Em tom de texto histórico, a trama é baseada em fatos reais. Sua trama reconstitui o romance entre o Rei Luís XV (1710-1774), papel de Depp, e uma cortesã, Marie-Jeanne Bécu (1743-1793), conhecida como Madame Du Barry, vivida pela própria Maïwenn.
“Não me sinto boicotado por Hollywood, porque não penso em Hollywood. Vivemos um tempo estranho”, disse Depp em Cannes, numa concorrida entrevista com a imprensa internacional.
“O circo midiático é a parte mais estranha. Você acredita no que quer. A verdade é a verdade. Mas precisa abstrair os rumores. Espero que, ao falarem do filme, as pessoas falem do seu trabalho. Estamos aqui porque fizemos um filme, não para nos vender. A maioria das coisas que vocês leram sobre mim é ficção que parece ter sido escrita como fantasia”.
Já em cartaz na França, onde estreia em circuito nesta quarta, “Jeanne du Barry” teve um orçamento estimado em US$ 20 milhões. O filme tem sido tratado na imprensa europeia como uma mistura de “A Favorita” (2018) com “Uma Linda Mulher” (1990), sendo muito atacado pela forma tímida como retrata o erotismo inerente ao jogo de sedução entre seus protagonistas.
Sua diretora (e estrela), Maïwenn, concorreu em Cannes em edições anteriores, com “Meu Rei” (2015) e “Políssia“, com o qual ganhou o Prêmio do Júri no evento. Seu retorno à cidade francesa só conta com uma unanimidade: o desempenho de Depp, norte-americano, falando em francês.
Festival de Cannes: Johnny Depp e a diretora Maïwenn — Foto: Reuters
“Nunca foi intimidadora a questão da língua. Eu acho que Maïwenn foi brava de trazer um caipira do Kentucky pra esse papel. Mas é bom sair da caixa, trabalhar fora do seu vernáculo. Mas ela foi muito paciente comigo”, diz Depp.
Durante a coletiva de imprensa, Maïwenn disse que a escolha de Depp se deu pela forma calorosa como ele abraçou o projeto, que virou uma obsessão profissional dela há 17 anos.
“O desejo de quem assumisse o papel era imperativo, mesmo não sendo um francês. Mas quando conheci Johnny, percebi que ele conhecia muito a História da França e que era um erudito em nossa cultura, conhecendo muito de nosso cinema, de nossa música, de nossa pintura”, disse Maïwenn.
Nesta quarta, 17/5, Cannes confere “Extraña Forma de Vida“, curta queer do diretor espanhol Pedro Almodóvar, construído a partir das cartilhas do faroeste, para narrar uma relação de afeto entre um rancheiro (Pedro Pascal) e um xerife (Ethan Hawke). No fim do dia, a competição pela Palma de Ouro será aberta com a projeção de “Monster“, do japonês Hirokazu Kore-Eda.