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FUTURO

Cidade inteligente, democrática e sustentáveis: legado do G20

DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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Parque dos Manguezais em Sanya, na China, um exemplo de parque alagável — Foto: Turenscape/Divulgação

A presidência do G20 pelo Brasil em 2024 emerge como uma oportunidade estratégica para a consolidação de políticas e ações no marco do conceito de cidades inteligentes.

Cidades inteligentes, democráticas e sustentáveis são espaços dinâmicos, onde a inovação tecnológica reforça e contribui para a construção coletiva de políticas públicas em áreas como mobilidade urbana, saneamento básico, seguridade alimentar, gestão energética e tratamento de resíduos, segurança e prevenção de desastres com base em princípios como transparência, centralidade humana e acessibilidade.

Como ponto de partida, vale ressaltar a importância da incorporação de elementos como democracia, sustentabilidade, resiliência e sustentabilidade ao conceito de cidades inteligentes para a construção de políticas urbanas que busquem conciliar, desde a sua formulação à aplicação, a utilização das novas tecnologias aos valores humanos com respeito ao meio ambiente.

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Em dezembro de 2023, o governo brasileiro anunciou que realizará as reuniões dos Grupos de Trabalho do G20 em quinze cidades: Brasília, Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, São Luís, Teresina, Foz do Iguaçu, Cuiabá e Recife.

Em um mundo cada vez mais interconectado, as cidades brasileiras têm promovido iniciativas que se destacam internacionalmente, muitas das quais foram desenvolvidas e formuladas por meio de projetos de cooperação voltados à construção conjunta de soluções que aproveitam as potencialidades da interação entre as ferramentas digitais e a participação cidadã.

Em um mundo cada vez mais interconectado, as cidades brasileiras têm promovido iniciativas que se destacam internacionalmente, muitas das quais foram desenvolvidas e formuladas por meio de projetos de cooperação voltados à construção conjunta de soluções que aproveitam as potencialidades da interação entre as ferramentas digitais e a participação cidadã.

Países que integram o G20 como Alemanha, China, Estados Unidos, França e Japão, dentre outros, têm iniciativas inspiradoras para os grandes centros urbanos do Brasil proporcionando oportunidades de cooperação em boas práticas. Ao mesmo tempo, cidades brasileiras como o Rio de Janeiro e Curitiba se destacam no cenário internacional fornecendo exemplos de ações interconectadas no marco do conceito de cidades inteligentes, democráticas e sustentáveis desde o Sul Global.

Cidades Inteligentes pelo Mundo

Entre os exemplos de ações práticas em países que pertencem ao G20, destaca-se o sistema de tráfego de Tóquio, Japão, em que sensores de tráfego monitoram e otimizam o fluxo de veículos reduzindo os congestionamentos. A cidade de Londres (Reino Unido), por sua vez, utiliza um sistema de iluminação pública inteligente para economizar energia, ajustando automaticamente a intensidade da luz com base nas condições ambientais.

O investimento em conectividade é condição fundamental para a criação de espaços e mecanismos institucionais de governança participativa e digital.

Tecnologias como a internet das coisas e de 5G aumentaram significativamente o catálogo de possibilidades na relação dos cidadãos com os espaços públicos, alterando significativamente as vias de exercício da cidadania. O investimento em conectividade é, nesse cenário, condição fundamental para a criação de espaços e mecanismos institucionais de governança participativa e digital.

Em Nova Iorque (EUA), por exemplo, a iniciativa NYC Open Data disponibiliza um conjunto de dados abertos para incentivar a inovação e permitir que desenvolvedores criem aplicativos abordando desafios urbanos e oferecendo soluções digitais para problemas na cidade. Em Pequim (China), sensores de monitoramento da qualidade do ar informam os cidadãos sobre os níveis de poluição. E, em Paris (França), um sistema de pavimentação inteligente absorve a água da chuva, reduzindo enchentes e melhorando a gestão de recursos hídricos.

Estes são alguns exemplos de cidades ao redor do mundo que estão implementando iniciativas inovadoras para se tornarem mais inteligentes e eficientes de acordo com as suas necessidades específicas e desafios locais.

Cidades Inteligentes no Brasil

No Brasil, o Rio de Janeiro criou um Centro de Operações (COR) que, por meio de uma plataforma de monitoramento, integra dados de diversas fontes para ajudar na gestão de crises, trânsito e condições climáticas.

Desde sua inauguração, em 2010, o Centro de Operações do Rio de Janeiro tem a missão de monitorar e integrar ações públicas para reduzir o impacto de ocorrências por meio do uso de tecnologias de inteligência artificial. Iniciativa pioneira na América Latina, o Centro conta com mais de 500 profissionais, registrando uma média de 1.200 ocorrências por mês e possui uma estrutura de monitoramento interligando mais de 2.500 câmeras distribuídas pela cidade.

Recentemente, dez cidades brasileiras receberam a certificação DTI em Transformação. As cidades de Belo Horizonte, Foz do Iguaçu, Goiânia, Ponta Grossa, Santos, Joinville, Vila Velha, Fortaleza, São Luís, Gramado e Bonito foram contempladas com o selo DTI Brasil.

Em parceria com instituições como a Nasa e empresas como a Google, o Centro de Operações do Rio desenvolveu um algoritmo de matriz decisória composto por variáveis como mobilidade, ocorrência de chuvas, possibilidade de deslizamentos e inundações, zonas de calor, realização de grandes eventos, bem como informações enviadas por cidadãos.

Em tempo real, o COR divulga os estágios de situação operacional da cidade divididos em escalas de 1 a 5, inspiradas na Escala Richter, com extremos que vão de estágio de normalidade ao de crise a depender da intensidade e interação das circunstâncias.

Curitiba, por sua vez, recebeu o prêmio de cidade mais inteligente do mundo pelo World Smart City Awards realizado em Barcelona (Espanha) em novembro de 2023. O reconhecimento se deve à integração de políticas públicas, programas e ações inovadoras para o planejamento urbano desde a perspectiva da sustentabilidade ambiental e desenvolvimento socioeconômico. Desde os anos 90, a cidade é conhecida por seu sistema eficiente de BRT (Bus Rapid Transit), integrando linhas de ônibus, terminais modernos e estações de embarque rápidas.

Desenvolvido na Espanha, o selo de Destinos Turísticos Inteligentes (DTIs) auxilia cidades a aumentarem a visibilidade de seus atrativos turísticos por meio da implementação de tecnologias que tornam os destinos mais acessíveis e sustentáveis. No Brasil, a metodologia da iniciativa foi redesenhada e está sendo implementada pelo Ministério do Turismo, em parceria com o Instituto Cidades do Futuro.

Recentemente, dez cidades brasileiras receberam a certificação DTI em Transformação. As cidades de Belo Horizonte, Foz do Iguaçu, Goiânia, Ponta Grossa, Santos, Joinville, Vila Velha, Fortaleza, São Luís, Gramado e Bonito foram contempladas com o selo DTI Brasil.

O U20 e a Aliança Global de Cidades Inteligentes do G20

A Declaração de Ministros de Tecnologia do G20 sobre Inteligência Artificial de 2021 destaca que a cooperação multilateral é essencial para atrair investimentos em conectividade para estabelecer uma infraestrutura robusta que alicerce e forneça impulso à implementação efetiva de soluções baseadas em Inteligência Artificial nas cidades.

Em 2017, foi lançado o Urban 20 (U20), com o objetivo de reunir prefeitos, a fim de informar as discussões dos líderes nacionais no G20. O U20 busca facilitar o engajamento entre o G20 e as cidades, inserir temas de política urbana na agenda para que as cidades possam contribuir nas negociações do G20.

Durante a presidência brasileira, o U20 promoverá uma série de eventos como a Reunião de Sherpas U20 virtual em março, o SP Summit, marcado para o primeiro semestre de 2024, e o Rio Summit, que antecede a Cúpula dos Chefes de Estado do G20 em novembro.

Durante a presidência brasileira, o U20 promoverá uma série de eventos como a Reunião de Sherpas U20 virtual em março, o SP Summit, marcado para o primeiro semestre de 2024, e o Rio Summit, que antecede a Cúpula dos Chefes de Estado do G20 em novembro. O U20 é liderado pelas redes C40, grupo que busca inserir na agenda política internacional o papel das cidades no contexto das mudanças climáticas.

Dois após o lançamento do U20, em junho de 2019, foi criada a Aliança Global de Cidades Inteligentes do G20 sobre Governança Tecnológica. Com apoio do Fórum Econômico Mundial, a Aliança tem, entre outras atribuições, ajudar as cidades a fechar as lacunas de governança unindo governos locais e nacionais com parceiros do setor privado e residentes, promovendo o uso responsável e ético de tecnologias emergentes.

O Roteiro de Políticas das 36 Cidades Pioneiras apresenta um mapeamento de boas práticas e de aceleração de iniciativas estratégicas em cooperação técnica e intercâmbio entre as administrações públicas municipais. O documento destaca cinco áreas de atuação prioritárias: equidade, inclusividade e impacto social; segurança e resiliência; privacidade e transparência; abertura e interoperabilidade; sustentabilidade operacional e financeira.

C40, Acordo de Paris e o G20 na Construção de Cidades Sustentáveis

Dando seguimento à concertação internacional de cidades, em 2021, prefeitos de 52 dos maiores centros urbanos do mundo, representando mais de 275 milhões de cidadãos, uniram-se no âmbito do C40 para alertar os líderes do G20 sobre os impactos das mudanças climáticas.

A declaração conjunta reforça a necessidade de implementação do Acordo de Paris destacando a urgência de colaboração entre nações e cidades para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas e seus impactos. O documento alcançou mais de 40.000 assinaturas em todos os continentes. Cidades como Paris, Varsóvia e Cidade do México amplificaram a divulgação do instrumento por meio de campanhas publicitárias nas suas ruas e redes digitais.

A convergência entre a Aliança Global de Cidades Inteligentes do G20 e o C40 ressalta a importância da cooperação global para enfrentar desafios urbanos.

A convergência entre a Aliança Global de Cidades Inteligentes do G20 e o C40 ressalta a importância da cooperação global para enfrentar desafios urbanos. Durante a presidência brasileira do G20, a integração dessas iniciativas pode ser um catalisador para políticas inovadoras, conectividade robusta, gestão energética eficiente e empregos digitais, convergindo para cidades inteligentes e sustentáveis no Brasil.

No âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a presidência do G20 pode aliar o processo de neoindustrialização à geração de empregos verdes e digitais com base na interação humano-algoritmo. A expansão de tecnologias como a IA demanda profissionais capacitados para ocupar empregos digitais tanto na indústria como no setor de serviços. Estas ações se coadunam com a agenda do Grupo de Trabalho e Emprego do G20.

Em 2015, os Ministros de Trabalho do G20 aprovaram uma Declaração de Ankara (Turquia) que destaca justamente a necessidade de promover programas de educação, capacitação e formação digital para alinhar o desenvolvimento de habilidades às demandas da economia digital, gerando empregos sustentáveis.

Cidades Inteligentes, Democráticas e Sustentáveis

O conceito de “Smart City” representa o estágio de aplicação estratégica de tecnologias para otimizar operações urbanas para a coleta de dados, automação e conectividade, em busca de maior eficiência, sustentabilidade e acessibilidade. Contudo, é preciso atentar para o tensionamento entre tecnocracia e democracia no uso dos sistemas de inteligência artificial como ferramenta para a implementação de políticas públicas nos centros urbanos.

A Cidade Inteligente, Democrática e Sustentável aprimora a eficiência tecnológica integrando considerações éticas como a resiliência e a participação cidadã. A tecnologia, nesse estágio, não busca apenas  ser eficaz, mas também aplicar valores como transparência, explicabilidade, igualdade e respeito pelos direitos humanos.

A Cidade Inteligente, Democrática e Sustentável aprimora a eficiência tecnológica integrando considerações éticas como a resiliência e a participação cidadã.

Esta evolução conceitual das Cidades Inteligentes reconhece a importância de envolver os cidadãos nos processos decisórios, dando-lhes um papel ativo na definição do tecido urbano. O Brasil é referência no desenvolvimento de políticas como a do orçamento participativo de Porto Alegre e em experiências de governo digital.

As Cidades Inteligentes, Democráticas e Sustentáveis representam, portanto, a síntese evolutiva em que os valores humanos são incorporados no tecido tecnológico urbano. Este conceito agregador não apenas aprimora a eficiência, mas reflete uma visão onde a tecnologia e os valores democráticos forjam comunidades urbanas mais justas, inclusivas, sustentáveis, resilientes e centradas no ser humano.

Ao focar em conectividade para a geração de cidades inteligentes, democráticas e sustentáveis, o G20 busca contribuir para o alcance das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especificamente na erradicação da pobreza, promoção da igualdade de gênero e geração de cidades sustentáveis desde que o desenho de políticas sociais esteja sintonizado com esses avanços.

Nesse contexto, a presidência brasileira do G20 representa uma oportunidade histórica para unir esforços, transformando compromissos em um legado de ações concretas para um futuro urbano mais democrático e sustentável.

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ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO

  • 24 de janeiro de 2024 às 18:15:15