O Parlamento espanhol rejeitou nesta quarta-feira (13) a proposta do governo para o orçamento deste ano, o que deve levar o premiê, o socialista Pedro Sánchez, a convocar eleições antecipadas. Ele convocou uma reunião de ministros para sexta-feira (15) e depois fará um pronunciamento, segundo um funcionário do gabinete, que não especificou se será sobre a antecipação da eleição.
Sánchez conta com o apoio de somente um quarto do parlamento e depende do apoio do partido antiausteridade Podemos e dos nacionalistas catalães, bem como de outros partidos menores, para aprovar leis.
Com 191 votos a favor e 158 contrários, foram aprovadas 6 emendas apresentadas pela oposição de direita e pelos independentistas catalães, o que significa que o orçamento foi rejeitado. O governo de Sánchez conta com apenas 84 dos 350 deputados.
O líder do conservador Partido Popular, Pablo Casado, classificou o resultado como “uma moção de desconfiança de fato contra Pedro Sánchez”.
“Isto mostra que a ala direita deste país está determinada a impedir o progresso social”, disse a ministra do Orçamento, Maria Jesús Montero, aos repórteres, a primeira reação do governo à votação.
Os partidos catalães diziam que a aprovação do projeto estava condicionada à inclusão da questão da independência nas negociações com a Catalunha, algo que o governo se nega fazer.
Sánchez chegou ao poder em junho de 2018 com a promessa de aliviar as tensões entre o governo central de Madri e os líderes catalães. O líder socialista se encontrou duas vezes com o presidente do governo regional, Quim Torra, e integrantes dos dois executivos realizaram várias outras reuniões.
No último sábado, milhares de pessoas se manifestaram nas ruas de Madri acusando Sánchez de ceder às exigências dos independentistas catalães e pedindo eleições antecipadas.
Fontes da agência Reuters na política espanhola indicaram que Sánchez quer um pleito o mais cedo possível para mobilizar os eleitores simpatizantes da esquerda na esteira do comício dos partidos de direita em Madri, que incluiu a sigla de extrema-direita Vox, que cresceu nas pesquisas de opinião graças ao aumento do sentimento anti-catalão em toda a Espanha.
As divisões profundas entre espanhóis pró-união e secessionistas da Catalunha foram reforçadas nesta terça-feira, início do julgamento de 12 separatistas acusados de rebelião após uma tentativa de separação em outubro de 2017.