O Governo do Estado dará apoio e suporte para a ampliação da agricultura e incentivará o aproveitamento de outras fontes de renda em terras indígenas. A defesa foi feita durante o 1º Encontro Nacional de Grupo de Agricultores Indígenas, na Aldeia Matsene Kalore, em Campo Novo do Parecis (396 km a Noroeste de Cuiabá), nesta quarta-feira (13.02).
O encontro, que teve a presença dos ministros de Meio Ambiente, Ricardo Salles, e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, do governador Mauro Mendes, e de deputados federais e estaduais, serviu para fortalecer a principal reivindicação dos povos indígenas para que possam plantar em suas terras.
Ronaldo Zokezomaiake Paresi, presidente da Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Parecis, Nambikwara e Manoki (Coopihanama), comemorou a presença das autoridades no evento, uma vez que fortalecerá o pedido junto ao Governo Federal.
“Nosso objetivo foi cumprido. Nós conseguimos trazer aqui os ministros, o governador e autoridades que podem nos ajudar e dar apoio para continuarmos a nossa produção. Isso nos dá dignidade. A vinda deles aqui é importante para que todos vejam que com autonomia, nós somos capazes de fazer muito. Por isso a gente convidou todo mundo”, declarou.
Mendes afirmou que o Governo fará o que for necessário para que os marcos legais a respeito do assunto sejam alterados. Atualmente, as aldeias são consideradas terras da União. Por esse motivo, os povos indígenas também não podem arrendar as terras para terceiros.
“Eles [os povos indígenas] mostram que querem trabalhar, produzir. Querem construir seu sustento com dignidade, mantendo sua cultura. E o Governo do Estado apoiará essa iniciativa para que os povos indígenas de Mato Grosso sejam um exemplo para outros Estados e também para que possam extrair as riquezas minerais de suas terras, garantindo a manutenção do meio ambiente”, disse o governador.
Durante o encontro, as autoridades conheceram a cooperativa, localizada na aldeia, e uma das áreas de produção de cultura de soja. A ministra Tereza Cristina asseverou que a produção indígena concilia o desenvolvimento e o meio ambiente.
“Os produtores indígenas estão fazendo uma revolução na agricultura e mostrando ser possível produzir e também ser indígena. Estão lado a lado com os maiores agricultores do país”, disse ela.
O ministro Ricardo Salles apontou que o Governo Federal também dará apoio na manutenção e ampliação das produções em terras indígenas. “É garantir o direito e reconhecer a geração de riqueza, não apenas para os povos indígenas, mas também para todo o país”.
O povo Paresi, formado por cerca de 2 mil indígenas, tem se destacado na produção de soja, milho, batata, batata-doce, abóbora, feijão, entre ouros produtos. Na safra 2018/2019, em Campo Novo do Parecis, foram semeados 8,7 mil hectares de soja, mil hectares de milho e 300 hectares de arroz. Para a safrinha, a previsão é de 7,7 mil hectares de milho convencional, 6 mil ha de feijão, 1,4 ha de girassol e 500 ha de milho branco.
Também estavam na solenidade representantes de entidades produtoras do Estado e da Fundação Nacional do Índio (Funai).