Produtores rurais do município de Carlinda (762 km ao Norte de Cuiabá) estão investindo no cultivo do café clonal da variedade BRS Ouro Preto, oriunda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O plantio da cultura ocupa uma área de 50 hectares e a expectativa dos produtores é de colher 60 toneladas em 2020, com uma produtividade média de 60 sacas por hectare, resultado acima da média para a agricultura familiar.
O técnico agropecuário da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), João Périsson Souza Pereira, fala que o plantio do café no município é todo irrigado e a intenção é expandir a lavoura para 300 hectares. João conta que hoje são apenas 38 produtores e a expectativa no próximo ano é de produzir 450 toneladas de café com a participação de 150 cafeicultores.
As mudas de café estão sendo produzidas no jardim clonal instalado pela Prefeitura Municipal. No mês de junho serão entregues 10 mil mudas prontas para o plantio com a altura de 20 a 30 centímetros. “É a primeira multiplicação realizada no jardim clonal e até o final do ano estaremos entregando mais de 50 mil mudas”, enfatiza.
Conforme Pereira, a técnica do café clonal consiste na reprodução da planta, conservando todas as características produtivas, como resistência ou tolerância ao ataque de pragas e doenças, o que facilita a formação de lavouras homogêneas de alta produtividade. O projeto no município está sendo de fortalecimento da cadeia produtiva do café, com renovação e modernização gradativa das lavouras através de novas cultivares.
O município faz parte do Programa de Revitalização da Cafeicultura no Estado de Mato Grosso (Pró-Café), desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e Empaer, em parceria com a Embrapa Rondônia, Embrapa Agrossilvipastoril e prefeituras municipais. O Pró-Café tem como objetivo fomentar e fortalecer a cadeia produtiva do café nas regiões Norte e Noroeste do estado como alternativa sustentável de geração de renda para conter o desmatamento nos municípios.
De acordo com Périsson, o município de Carlinda, na década de 80, possuía plantio de café com uma área plantada de 300 hectares, e a média de produtividade era bem baixa, seis sacas por hectare. Hoje já existem municípios na região que produzem até 120 sacas de café por hectare. “Estamos começando a implantar uma variedade mais produtiva e rentável e incentivando os cafeicultores que tem vocação e conhecimento para o plantio”, destaca.