ÍNTEGRA COMUNICAÇÃO / JULIANA SCARDUA
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As condições do clima tornam o cultivo do milho safrinha favorável em todo o Estado de Mato Grosso e também em algumas regiões de Goiás, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão e Piauí. E agora, com a colheita dos grãos, vem também a tarefa ao produtor rural de abastecer o solo com os nutrientes extraídos pelas plantas durante o ciclo de cultivo.
Assim como um suplemento à saúde humana ao repor vitaminas e sais minerais, a saúde do solo deve ser analisada com critério, para que se identifique e prescreva, com embasamento científico, aquilo que a camada arável precisa para acolher as sementes de soja da safra que se aproxima com as melhores condições para a produção.
Esse processo químico-biológico de retirada de nutrientes é essencial à formação dos grãos. Nas Ciências Agrárias, chama-se de extração a quantidade de nutrientes retirada do solo para a produção da planta como um todo, ao passo que exportação é a quantidade usada especificamente para a formação e desenvolvimento dos grãos, e que sai da área por meio da colheita. Dessa forma, a produtividade final de um ciclo produtivo passa, necessariamente, pelo resultado em extração e exportação verificado na lavoura. E isso pode – e deve – ser calculado por profissionais da área, num suporte técnico direto ao agricultor.
Entre os nutrientes mais exigidos pela cultura do milho para formar uma bela lavoura em campo (extração), respeitando as exigências das plantas, destacam-se o nitrogênio, potássio, fósforo e o magnésio, seguidos de cálcio e enxofre, nesta ordem. Assim, para cada tonelada de grãos de milho, a planta precisa extrair do solo (entenda-se solo como fertilizantes + decomposição da matéria orgânica e resíduos culturais + fixação biológica) em torno de 22 quilos de nitrogênio e destes, aproximadamente 15 quilos são levados pelos grãos (exportação).
“Salienta-se que dessa lista de nutrientes, cada um desempenha, assim como em seres humanos, uma série de funções especificas. Ou seja, um nutriente não pode assumir a função, a responsabilidade, o papel de outro: não pode ser substituído. No caso do nitrogênio, ele é componente da clorofila, dos aminoácidos, das proteínas, das enzimas, e assume papel importante na utilização de carboidratos pelas plantas, no desenvolvimento de raízes, na absorção de outros nutriente. Ou seja, sem nitrogênio – aquele N que a gente vê na tabela periódica ao estudar Química na escola -, a planta não vive”, destaca Anderson Lange, Doutor em Energia Nuclear na Agricultura. Ele ressalta que há ainda outros 13 nutrientes das plantas que devem ser levados em consideração nos programas de adubação.
E como ciclo é uma palavra-chave na agricultura, a necessidade por nutrientes se renova com os preparos para um novo cultivo. Com análises de solos feitas em laboratórios, é possível verificar, com precisão, a dose de cada nutriente adequada para balancear, de forma customizada, aquilo que a lavoura pede em suplementos minerais para produzir mais e melhor.
Acidez – Esse cuidado meticuloso com os solos é ainda mais intenso em regiões de solos ácidos, como é o caso do Cerrado e também em regiões do bioma amazônico, onde altos índices de acidez também se fazem presentes. Em Mato Grosso, gigante brasileiro na produção de grãos, o calcário é um insumo indispensável para esse trabalho de “calibragem” do pH do solo, fornecimento de cálcio e magnésio, correção do alumínio tóxico, além de favorecer a maior disponibilidade do fósforo e dos demais nutrientes para as plantas.
Mas o que os solos ácidos, não corrigidos ou mal corrigidos, podem provocar? Numa linguagem simplificada, destaca o especialista, podem comprometer o desenvolvimento das raízes, o que diminuirá a absorção de água e dos nutrientes pelas plantas e reduzirá a produtividade.
Menos nutrientes = raízes menores = menos água absorvida = menos nutrientes = menos grãos. Viu como tudo é um ciclo?