Com duas sacolas carregadas de mais de 50 livros, o pai Selleman Matias Bello e seu filho Italo Mathias Mazei Bello vieram ao Tribunal de Justiça Mato Grosso fazer a doação para a campanha “Livro para ser livre”. Servidor público, Selleman contou que sua vida passou por muitos percalços até ser um profissional estabelecido e foi pela leitura que venceu as condições difíceis. Agora os livros que acompanharam sua história e a de seus filhos podem ajudar a construir outros caminhos para quem está no sistema prisional.
O TJMT está arrecadando livros que vão incrementar as bibliotecas nas unidades prisionais de Mato Grosso. A leitura é uma das formas de remição de pena, que é a possibilidade do indivíduo que está em regime fechado ou semiaberto de reduzir a pena em função de dias trabalhados, horas de frequência escolar presencial ou Ensino à Distância (EAD), e pela leitura de obras literárias.
“A leitura sempre esteve na minha vida, desde criança. Ela contribuiu muito para eu conhecer um mundo que eu não conhecia. Eu era pobre e foi pela leitura que puder conhecer um mundo que não tinha acesso. Pelo menos não era o acesso fisicamente falando, mas pela leitura é possível acessar um outro mundo. A leitura mudou a minha vida desde criança e espero que eles possam mudar a vida de outras pessoas que estão no cárcere”, contou Selleman.
Ele também lembrou que soube da campanha por meio de jornais, mas os livros já estavam selecionada para serem doados e esperava apenas uma oportunidade de poder ajudar.
“A leitura é uma porta que pode contribuir para que pessoas que entram no mundo da criminalidade, tentar reverter e voltar para sociedade. Eu acredito na mudança através da leitura”, contou.
O exemplo do pai é refletido no filho Italo, um leitor que descobriu em si mesmo novas habilidades por meio da leitura, sempre inspirado no pai. Sorridente, ele chegou à sede do Palácio da Justiça trazendo uma mochila recheada de obras da literatura brasileira, todas em bom estado. O rapaz garante que todos os livros foram lidos e por isso está doando.
“É extremamente importante a leitura. Ela abre campos que nem sempre são tão trabalhados na escola como a criatividade, a imaginação. O aprendizado nos testes, nas provas e na vida. Em casa, sempre tive acesso aos livros e pessoas que entraram na criminalidade, raramente tiveram esse mesmo acesso, a partir da leitura, a visão dessas pessoas pode mudar”.
Remição de pena – A presa ou o preso retira o livro na biblioteca da unidade penal e tem 21 dias para fazer a leitura e escrever uma resenha. O texto escrito por ele é submetido a uma comissão de validação, que é formada por juízes e professores voluntários, e somente após aprovado o preso terá direito a 4 dias remidos por obra lida. O limite de livros lidos por ano é de 12 e ele tem a possibilidade de remir, no máximo, 48 dias.
Livro para Ser Livre – A campanha de arrecadação de livros usados e novos do Tribunal de Justiça é realizada pelo GMF, em parceria com a Sesp-MT e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional de Mato Grosso.
Pontos de coleta – Os interessados podem fazer a doação de livros em pontos de coleta nos Fóruns de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Sinop, Sorriso, Diamantino, Barra do Garças, Tangará da Serra, Primavera do Leste e Rondonópolis. Na Faculdade Católica de Cuiabá e Várzea Grande, na Igreja Batista Nacional, localizada no bairro Cristo Rei em Várzea Grande.
Drive-thru – No Tribunal de Justiça as doações podem ser entregues pelo sistema drive-thru, de forma rápida e prática, na entrada do estacionamento de visitantes pela Rua C do Centro Político Administrativo, no horário do meio dia às 19 horas. Também é possível depositar as doações em caixas coletoras que estão dispostas na recepção central, no restaurante, no Anexo Desembargador Antônio Arruda e na Escola dos Servidores.
#ParaTodosVerem: Esse post possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência. Foto 1: Imagem colorida onde pai e filho aparecem ao lado da caixa de coleta de doações. Ambos estão em pé e seguram alguns livros que foram doados.
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Andhressa Barboza
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
Fonte: Tribunal de Justiça de MT