O nome não é estranho, mas a nova Chevrolet Montana não tem relação com as antigas. Enquanto as duas primeiras gerações eram compactas assumidas, a terceira encarnação da picape é apresentada hoje (01) com estilo e porte inteiramente diferentes. O lançamento vem para combater a Fiat Strada e Toro , modelos que lideram o segmento compacto e médio pequeno, respectivamente.
Com data de chegada prevista para fevereiro, o lançamento já pode ser reservado na internet. Quer saber os preços? O pessoal da revista Quatro Rodas afirma que ficam entre R$ 134.490 (LTZ) e R$ 140.490 (Premier). Para ter um parâmetro de comparação, a Strada Ranch 1.3 CVT sai por R$ 130 mil, enquanto a Toro 1.3 turbo chega a R$ 200 mil.
Para enfrentar a seleção da Fiat, a Montana segue a receita de outra concorrente: a Renault Oroch . O porte é quase o mesmo da rival francesa, na verdade, a diferença de comprimento é de apenas um centímetro. São 4,72 metros de um para-choque a outro, enquanto a derivada do Duster mede 4,71 m.
Foi uma bela esticada na plataforma GEM (Global Emerging Platform), a mesma base modular que equipa o Onix, Onix Plus e Tracker . O objetivo é ocupar a faixa de tamanho intermediária entre os modelos da Fiat. A Strada cabine dupla mede 4,48 metros, enquanto a Toro é maior e chega aos 4,94 metros. Quanto ao entre-eixos, mistério.
A vocação está mais alinhada com a Toro, pois a Strada se divide entre versões cabine simples, perfeitas para o trabalho, e também dupla. Aliás, a demanda pela picape compacta da Fiat está mais voltada ao lazer, uma vez que as versões mais caras são as mais vendidas.
Tal como a Toro e Oroch , a Montana vem apenas na carroceria cabine dupla. E o motor é sempre o 1.2 turbo, uma unidade também usada no Tracker . A potência e torque são os mesmos do SUV: 133 cv e 21,4 kgfm (com etanol). Tanto o câmbio manual quanto o automático contam com seis marchas.
É um propulsor que sobra em comparação ao 1.3 aspirado da Strada (107 cv e 13,7 kgfm com etanol), mas tem um detalhe: a rival vai receber em breve o 1.0 turbo usado nos SUVs Pulse e Fastback. Com até 130 cv e 20,4 kgfm, ele fica muito próximo do 1.2 da Montana.
Quando comparada aos 1.3 turbo da Toro e Oroch, a desvantagem é grande. A picape da Renault tem 170 cv e 27,5 kgfm e a Fiat, por sua vez, chega a 185 cv e os mesmos 27,5 kgfm – sempre com etanol.
Segundo a Chevrolet , a versão automática faz 7,7 km/l de etanol na cidade e chega a 9,3 km/l na estrada, médias que sobem para 11,1 km/l e 13,3 km/l com o uso de gasolina nas mesmas situações. A marca não adiantou muitos dados mecânicos a mais, diz apenas que a 1.2 manual tem a melhor aceleração de zero a 100 km/h da categoria.
Em estilo, a Montana se aproxima mais do arrojo da Toro, com direito aos faróis divididos e lanternas de LED conectadas por um elemento preto – mais ou menos o que a VW fez com o T-Cross, que também não tem iluminação nessa régua de ligação . O curioso é que as pequenas lanternas têm um esquema tridimensional parecido com os das concorrentes da Fiat. As linhas gerais são ousadas e equilibradas, e superam a Strada e Oroch, ambas mais conservadoras.
Vamos ao projeto. A Montana oferece 874 litros no porta-malas, ops, quis dizer caçamba, mas é fácil confundir um com o outro, uma vez que a GM reforça que o compartimento é selado e tem divisórias que ajudam a organizar a bagagem, além de tampa com descida amortecida. Isso a transforma em um SUV com caçamba. Aliás, essa impressão é mais do que confirmada na publicidade do modelo: “SUV que você precisa, na picape que você sonhava”.
Voltando ao assunto caçamba, a marca criou um sistema batizado de Multi-Flex. São quatro peças e dois trilhos fixados no porta-objetos lateral da caçamba, que permitem usar uma prancha e uma prateleira para criar possibilidades como a divisão do compartimento em dois andares, algo perfeito para aproveitar melhor o espaço. A prateleira conta com diversos compartimentos para acomodar objetos menores e também há ganchos para pendurar sacolas e mochilas . Nada daqueles pertences delicados rolando de um lado para o outro nas acelerações, frenagens e curvas.
No entanto, o volume da caçamba fica próximo dos 844 litros da Strada e não chega perto dos 937 litros da Toro. Mas é bem mais que os 683 litros da Oroch.
Aproveitando que falei um pouco do lado dinâmico, a Montana repete o esquema de suspensão dos seus parentes de plataforma: dianteira McPherson e traseira por eixo de torção. A Toro e a Oroch contam com suspensão traseira multilink, mas a Chevrolet promete conforto de rodagem mesmo com carga ou vazia, graças aos amortecedores posteriores com duplo batente. A tração é sempre dianteira . No caso da Toro, a tração integral está disponível apenas nas versões diesel , enquanto a Oroch oferece a opção apenas… no exterior, uma vez que ela nunca foi vendida aqui.
Como carregar peso é algo que sobrecarrega os sistemas mecânicos de uma picape, há um curioso recurso capaz de identificar o aquecimento e a perda de eficiência dos freios, uma solução que aumenta a pressão no conjunto hidráulico. Os freios também são capazes de medir parâmetros como a posição de direção, inclinação de carroceria e aderência das rodas/pneus para distribuir individualmente a força de frenagem.
O pacote de itens de série traz ar-condicionado digital, seis airbags, alerta de ponto cego, faróis full LED, central multimídia de oito polegadas, sensor de estacionamento com câmera de ré, chave com abertura remota e partida por botão, carregador de smartphone sem fio, wi-fi, e o sistema OnStar, facilidade que permite comandar funções a distância, monitorar o carro, localizá-lo em caso de furto ou roubo, entre outros.
O conjunto poderia incluir ainda tecnologias como frenagem automática, assistente de manutenção em faixa e outros recursos que já são encontrados até em hatches compactos, como é o caso do Hyundai HB20 . A própria Toro também conta com assistente de permanência de faixa e, de quebra, o assistente de frenagem autônoma, mas peca por não ter o sensor de ponto cego da Chevrolet.
Por dentro, a picape tem uma nova disposição da central multimídia que, ao contrário da família Onix e Tracker , fica integrada ao painel. No entanto, o quadro de instrumentos é analógico, algo anacrônico diante da bela tela digital da Toro, que, por sua vez, tem central multimídia bem maior, de 10,1 polegadas, contra oito da Chevrolet.
A nomenclatura de versões segue o padrão da GM. A marca já revelou alguns detalhes das configurações LTZ e Premier. Enquanto a primeira aposta em tons cromados, a segunda investe em elementos escurecidos. Ainda não foi apresentada a configuração mais em conta ou detalhes do modelo manual. A impressão geral é que a Montana chega com bom custo-benefício, um belo posicionamento em termos de tamanho e, claro, com qualidades sólidas. Mas tudo isso será confirmado no primeiro contato.
Fonte: IG CARROS