O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta segunda-feira (30) o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, em Brasília, para uma reunião bilateral que marca a volta das operações do Fundo Amazônia.
O líder do governo alemão deve anunciar o envio de mais R$ 170 milhões para o fundo, um mecanismo que capta doações e investimentos internacionais para o combate ao desmatamento e promoção de ações de conservação na maior floresta tropical do mundo.
O fundo foi desativado em 2019 no primeiro ano da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando o Ministério do Meio Ambiente decidiu, unilateralmente, mudar as regras de gestão do mecanismo.
A Noruega e a Alemanha, os dois únicos países que ofereceram financiamento para o fundo, reagiram à medida.
Eles criticaram o governo de Bolsonaro por não mostrar compromisso em proteger a floresta e congelaram os recursos. Com isso, cerca de R$ 3 bilhões acabaram não sendo utilizados para conter o desmatamento.
Defesa da democracia
Scholz será o primeiro líder de uma potência ocidental a se encontrar com Lula desde a posse.
Mas o presidente brasileiro já tem marcada uma visita aos Estados Unidos, aonde vai se reunir com o presidente Joe Biden. Emmanuel Macron, o presidente da França, deve visitar Brasília nos próximos meses.
Nos dois casos, os líderes mundiais devem voltar a deixar claro o apoio a Lula e à defesa da democracia brasileira diante dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Não será diferente com o social-democrata Scholz, que deve se manifestar publicamente sobre o assunto durante a visita desta semana.
Pauta econômica
Durante a visita, também serão tratados dois assuntos muito relevantes para a economia brasileira: um potencial aumento do comércio bilateral e a ratificação do acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
Lula já deixou claro que destravar o acordo comercial com o bloco europeu é uma das prioridades da política externa de seu governo.
O acordo foi fechado em 2019, depois de mais de 20 anos de negociações. No entanto, para entrar em vigor ele ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os 27 países da União Europeia e os quatro membros do Mercosul.
Um dos pontos que atrapalhou essa negociação foi justamente a política ambiental do governo Bolsonaro, criticada pelos europeus por não mostrar resultados no combate ao desmatamento. A França, em especial, colocou empecilhos para que o acordo avançasse.
Mas com a eleição de Lula, cria-se uma perspectiva mais otimista para esse avanço.
Durante uma visita à Buenos Aires, no último sábado (28), Scholz defendeu com ânimo o acordo. Ao lado do presidente argentino, Alberto Fernández, ele disse que “o acordo com o Mercosul tem importância essencial”. E cobrou pressa: “nosso objetivo é chegar a uma conclusão rápida”, afirmou o chanceler alemão.
O presidente das Câmaras Alemãs de Indústria e Comércio, Peter Adrian, também pediu a ratificação do acordo comercial com urgência. Segundo ele, isso seria positivo para os dois blocos.
Scholz viaja ao Brasil com uma grande delegação de empresários alemães, que serão recebidos em outra reunião por Lula. O objetivo dos alemães é estreitar as relações e ampliar o comércio bilateral e os investimentos no país. No momento, mais de mil empresas alemãs atuam no Brasil, incluindo gigantes dos setores automobilístico e químico.