JAQUELINE FRANÇA
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Este dia 8 de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, está para lá de especial neste ano na minha vida. Sempre ressaltei a importância dessa data como profissional e como mulher negra, na busca de conquistar espaços e de estar onde se quer estar.
Na busca de querer estar onde quero, busquei a tão desafiadora maternidade para as mulheres que a desejam. E eis que não só mais como mulher, agora mãe comemoro este 8 de março de forma bem reflexiva. Na minha profissão, convivo com muitas mães envoltas na neurodiversidade, imbuídas em oferecer o melhor ambiente para o desenvolvimento das habilidades de suas crianças. Sempre admirei essa força, garra e atitude infinita. Hoje sinto toda essa energia de forma mais real.
No apoio psicológico, suporte às famílias que estão no espectro, e que oferecemos na clínica, (é claro que a orientação serve também para uma família sem atipicidade), sempre lembramos às mães que antes de tudo elas são mulheres, precisam de um tempo só para elas e a rede de apoio é imprescindível para oferecer esses momentos. Uma tarde no salão ou no quarto sozinha assistindo filmes e séries, um dia de distração, andar no shopping, ler um livro no jardim sem ser interrompida, um batom ou um salto alto. Ou seja, algo que faça com que não se esqueça que antes de ser mãe, ela também é mulher.
Comprovadamente a busca desse equilíbrio na vida de uma mãe-mulher é extremamente saudável para ela e reflete de forma muito positiva no tratamento da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo muitas vezes pode ser comparado a uma montanha-russa: a criança no espectro pode viver altos e baixos devido as questões sensoriais que a afeta no dia-a-dia. Para a família são situações extremamente desafiadoras. Tanto que uma pesquisa americana diz que o nível de estresse em mães de pessoas com autismo assemelha-se ao estresse crônico apresentado por soldados de guerra.
E falo aqui não só para as mães atípicas, mas as que também têm suas lutas diárias: é preciso cuidar da mulher que há em nós para que sejamos a mãe que nossos filhos precisam. Quando estamos bem conosco, no autocontrole e felizes, temos mais paciência e disponibilidade. A criança com autismo é extremamente sensível e muitas das vezes nem precisam de palavras para entenderem que as coisas não estão bem.
É claro que, para além da maternidade, o 8 de março continua como um símbolo de luta e resistência feminina para também, assim como o homem, podermos estarmos onde quisermos. Então, mulher, aproveite para ser sua prioridade, quer seja no antes da maternidade ou durante o processo. Antes de mãe, mulher!
Jaqueline França é psicóloga, consultora sênior trainer da Inspirados pelo Autismo, com formações em Psicologia Sistêmica de Família e Casal, Terapia de EMDR e Brainspotting e diretora da Clínica Nosso Espaço.
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