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1º TRIMESTRE

Indústrias se queixam de juro elevado e dificuldade para acessar crédito

REUTERS/Alexandre Mota

A Sondagem Industrial, pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou crescente incômodo do setor com as taxas de juros elevadas no país para o primeiro trimestre de 2023. O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (20).

A insatisfação com as taxas de juros é destacada por economistas da CNI porque alcançou, entre janeiro e março, seu pico em toda a série histórica (28,8%). Desde 2022, essa queixa marca percentual acima de 20%, considerado alto pela entidade.

“Essa percepção por parte dos empresários afeta outras questões diretamente ligadas aos juros, agravando a percepção de demanda interna insuficiente, aumentando a dificuldade de obter crédito e influenciando os investimentos”, afirma o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

No primeiro trimestre de 2023, os três principais problemas citados pelos empresários industriais foram: elevada carga tributária (34,6%), demanda interna insuficiente (33,3%) e taxas de juros elevadas (28,8%).

As duas primeiras questões normalmente figuram nas primeiras posições do ranking — diferentemente das taxas de juros elevadas, que vêm ganhando cada vez mais relevância na sondagem.

Condições financeiras, estoques e expectativas

Com relação às condições financeiras, a pesquisa mostra que as indústrias indicaram piora no trimestre, com insatisfação dos empresários com a margem de lucro, que caiu de 47,3 pontos para 44,8 pontos, e com a situação financeira, que caiu de 51,8 pontos para 49,7 pontos.

O índice que mensura a facilidade de acesso ao crédito apresentou queda de 4,7 pontos no trimestre, passando de 42,7 pontos para 38,0 pontos. Com isso, o indicador ficou não só abaixo da linha divisória de 50 pontos, como também abaixo da média da série histórica, de 39,8 pontos.

“Essa dificuldade para acessar crédito está relacionada ao aumento da restrição nos critérios de concessão, dada a taxa de inadimplência alta, inclusive em razão de eventos adversos de grandes empresas varejistas”, explicou Azevedo.

Houve pouca mudança de fevereiro para março nos níveis de estoques das indústrias brasileiras. O índice de evolução do nível de estoques foi de 50,5 pontos em março.

Em abril de 2023, a maioria dos índices de expectativas mostrou altas moderadas: houve aumento dos índices de expectativa de demanda, de compras de matérias-primas e de quantidade exportada. Essas variações revelam maior otimismo dos empresários.

O índice de intenção de investimento do empresário industrial manteve-se inalterado em 53,6 pontos e apresenta certa estabilidade desde novembro de 2022.

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