“Eu sou apenas um rapaz latino-americano…”, já dizia a música de Belchior. Mas o que nos torna latinos? O que nos une? Para Letícia Salles, é a força, atitude e personalidade — sobretudo no caso das mulheres latinas.
“Quando a gente fala em latinidade, penso em mulheres fortes, que fazem história, com atitude, personalidade, que vão em busca dos seus sonhos. Fui criada por mulheres, então sempre estive inserida nesse meio feminino, com a força da mulher que não pode deixar a peteca cair”, opina.
Aliás, interpretar mulheres cheias de força e presença não é novidade para a atriz, que estreou na TV como Filó na primeira fase de Pantanal e, agora, brilha como a vilã Érika em Vai na Fé.
“Me reconheço dentro dessa imagem da mulher segura, dona de si, mas acredito que isso é um processo, uma evolução constante em busca de segurança, de sermos cada vez mais donas de nós mesmas”, reflete Letícia.
Em homenagem ao Dia da Latinidade, que, no Brasil, ganhou uma data à parte e é celebrado nesta sexta-feira, 21 de abril, a atriz estrela um ensaio de moda exclusivo, cheio de looks vibrantes e estampados, inspirados na energia e tradição do povo latino.
Para Letícia, a moda é uma ferramenta importantíssima na hora de mostrar toda essa potência: “A moda é uma forma de se expressar, assim como a arte. E, no meu dia a dia, busco me expressar conforme a forma com que me visto”, conta.
“Quando quero imprimir uma imagem de segurança, tento botar umas roupas mais sensuais no meu dia a dia, acho que isso me ajuda a me colocar nesse lugar de poder e de segurança, de me sentir mais segura mesmo.”
No Dia da Latinidade, Letícia abraça cores e estampas em ensaio exclusivo. Na entrevista que acompanha essas fotos, a atriz se conecta às suas raízes e fala sobre infância, latinidade, obstáculos, relacionamentos tóxicos e vida pessoal. Confira os melhores momentos da entrevista!
“Fui criada por três mulheres. Sempre fomos eu, minha avó, minha tia e minha mãe. Nós quatro, com personalidades completamente diferentes umas das outras, mas que se complementavam naquele ambiente onde a gente vivia. Acho que dávamos muita força uma para a outra, independente das diferenças. E, enquanto mulher, isso me fortaleceu muito, porque cresci sem a presença de uma figura masculina.”
“Éramos nós por nós mesmas. Não gosto nem de falar porque me dá vontade de chorar [se emociona]. Sou muito grata por ter convivido com elas, da minha vida ter sido do jeito que foi. Me ajudou a ter me tornado a mulher forte que sou hoje.”
“Tive uma conexão com o espanhol muito cedo, porque minha mãe é professora de espanhol. Gosto muito da língua e, inclusive, sou formada em espanhol. Conhecendo pessoas de outros países da América Latina, é muito interessante perceber que todas as mulheres são muito unidas, fortes, potentes e protetoras — temos isso em comum.”
“Gosto muito de assistir séries latinas e faço inclusive para estudar, porque aprendo muito assistindo outros atores. Como também tenho a facilidade da língua, sinto muita muita vontade de me aventurar para os outros mercados latinos… Quem sabe?”
Quem não arrisca, não petisca
“Fui nascida e criada no Complexo da Maré, morei lá até meus 24 anos. Fiz faculdade de Biomedicina, já me formei em maquiagem, fiz várias coisas e já trabalhei até na recepção de um salão. Foi lá que deu início a tudo. A dona de uma agência entrou em contato comigo, fiz alguns castings e fui convidada para ir a Londres modelar. Aceitei sem falar nada de inglês. Fui com a cara e a coragem e fiquei dois anos. Sempre fui de me arriscar.”
“Em 2020, voltei ao Brasil com a proposta para estudar TV, começou a pandemia e tudo parou, mas aproveitou para estudar bastante e, na sequência, rolaram os testes para Pantanal, que me abriu muitas portas.”
Letícia Salles em ensaio especial para o Dia da Latinidade — Foto: Giselle Dias/gshow
Na tela da TV, no meio desse povo
“A Erika [em Vai na Fé] tem muitas facetas. Digo que não a considero uma vilã. A determinação dela, a ambição, eu me identifico, mas em outro lugar. Ela não mede esforços para conseguir o que quer, vai atrás do que almeja e, nisso, me identifico com ela.”
“O processo de laboratório, com as aulas de dança, foi muito interessante porque me despertou coisas e aflorou questões que eu não tinha descoberto ainda sobre mim. Enquanto mulher, às vezes, a gente se coloca numa caixa, não se abre para o mundo.”
“A dança me me despertou uma sensualidade, uma segurança que eu não tinha. E muitas decisões da minha vida, tomei depois que comecei a dançar. Isso é muito louco.”
Relacionamentos tóxicos
“Quem nunca passou por relações tóxicas, né? Acho que a gente tem que dar um prêmio para quem nunca passou por relações tóxicas — e, sim, já passei. Levo como aprendizado. Acho que toda relação tóxica tem que trazer um aprendizado para que a gente possa quebrar esses traumas e se livrar desses carmas.”
“Faço terapia. Acho importantíssimo. Você falar com outra pessoa, principalmente com um profissional, é uma oportunidade que você tem de se escutar.”
Vida pessoal
“Estou solteira e, agora, nesse momento da minha vida, acredito que tenho conseguido equilibrar até melhor todos os pratinhos, sabe? Estar mais livre para mim, podendo fazer aquilo que gosto, podendo estudar, ter mais tempo… Consigo visitar a minha família, ter minha rotina — que eu amo —, acordar cedo, treinar, dar um mergulho e começar meu dia, ir trabalhar. Por enquanto, estou conseguindo equilibrar bem esses pratinhos aí [risos].”