“No começo foi um pouco assustador. Por mais que a gente deseje ser mãe, por mais que a gente imagine como vai ser nossa maternidade, ela sempre nos surpreende. Às vezes negativamente, às vezes positivamente. Negativamente, digo no sentido do trabalho ser maior do que cheguei a pensar, de sofrer em virtude dessa idealização da maternidade mais do que a gente imaginaria. Mas isso é, também, um processo de amadurecimento, de crescimento”, diz ela.
“Acho que, no começo, foi um pouco mais perturbador. Ainda tenho meus momentos, mas a gente vai aprendendo a lidar”, conta.
E completa: “Acho que a maternidade vai acontecendo nessa interação com o seu bebê e acontece em uma velocidade diferente para cada uma de nós. Gostaria muito que as mamães que me leem e me escutam recebessem de mim essa fala: não é do mesmo jeito para ninguém e o jeito que você está fazendo está bom. A gente é a melhor mãe que a gente consegue ser e cada uma tem o seu processo. E isso não faz da gente uma mãe pior. Isso faz da gente a mãe que a gente é.”
Mesmo com a convicção do que é certo (e justo) para sua formação enquanto mãe, Gabriela ainda se diverte com a constatação, quase que diária, de todo impacto e responsabilidade da maternidade. E a ficha vai caindo.
“Acontece toda hora! Às vezes eu olho para minha filha e falo: ‘você acredita que você é filha da mamãe?’. Aí, eu viro e respondo: ‘a mamãe também não acredita!’. Porque é uma coisa muito doida. Ainda estou me dando conta e me surpreendo. Sou muito mãe dela e fiz com muita naturalidade todas as coisas. Não tive nenhuma dificuldade em dar banho, de cuidar do umbigo ou de amamentar. O mais difícil para mim foi a constatação de que agora tenho uma filha. Ainda vivo esse processo e é muito doido pensar que tenho uma filha”, reflete.
Um novo olhar para o seu corpo
Ava nasceu em São Paulo, com 50 centímetros e 3,350 kg. O parto foi uma cesariana, por conta da posição da bebê, apesar de Gabriela ter planejado um parto natural durante sua gravidez. Da transformação do seu corpo durante a gestação, ela encarou com naturalidade, mesmo que com certo desconforto.
“Não posso dizer que na gestação me senti lindíssima. Me senti desconfortável com as minhas novas formas, embora estivesse muito tranquila e experimentando aquela mudança. Inchei no pós-parto tudo aquilo que eu não tinha inchado na gestação. Então, você está cortada, com muitos pontos, é tudo desconfortável. Além de estar muito cansada. Quando me olhei no espelho, era aquela barriga que sobrou, me estranhei muito e não gostei do que vi. Fiquei muito aflita por não me reconhecer naquele reflexo”, relembra.