DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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Cinco dias de intensos debates sobre as prioridades da presidência brasileira para o grupo que reúne as principais economias do mundo, marcaram as primeiras reuniões das Trilhas de Sherpas e de Finanças do G20.
Entre 11 e 15 de dezembro, representantes dos países-membros e de oito nações convidadas estiveram reunidos, em Brasília, para dar início ao diálogo para soluções sobre redução das desigualdades; promoção do desenvolvimento sustentável e formas de lidar com as mudanças climáticas.
Zane Dangor, sherpa da África do Sul, país que assumirá a presidência do grupo após o Brasil, pontuou que os países do Sul Global estão comprometidos com reforma do sistema de governança e dos bancos e instituições financeiras multilaterais.
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“O mundo não é mais o mesmo de 1948, o Sul Global está crescendo, a dinâmica de poder e as economias globais emergentes estão se tornando mais fortes e assertivas. Nós saímos da era da colonização. Muitas das antigas colónias são agora independentes e em crescimento. O sistema global tem que reconhecer isso para se tornar mais igualitário e acessível às necessidades de todos”, explicitou Dangor.
“As prioridades propostas pelo Brasil são muito boas. Na Noruega, nós dividimos exatamente as mesmas prioridades em nossas política externa e de desenvolvimento. Lutar contra a fome e a pobreza é uma alta prioridade na cooperação para o desenvolvimento, assim como clima e transição energética. A reforma das Nações Unidas e dos bancos multilaterais de desenvolvimento também é muito importante”, revelou o sherpa norueguês Henrik Harboe.
A sherpa mexicana, Jennifer Feller, contou que o país está animado com a presidência de um país latino-americano no G20. Feller elogiou o método de trabalho da reunião que “mais efetivo e orientado para a ação e resultados”. “Temos insistido sobre colocar os conceitos de combate à pobreza, às desigualdades e à fome como prioridades do bloco. A transição energética e os desafios que temos enfrentado, como um país emergente, para alcançar uma transição justa, sem ampliar a lacuna entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento também é uma prioridade”, considerou.
Entrada histórica da União Africana no G20
Em decisão histórica na cúpula de Nova Deli, em novembro deste ano, a União Africana se tornou membro permanente do G20, assim como a União Europeia, que ocupa esta posição desde a fundação do grupo. Albert Muchanga, sherpa do bloco que promove a união dos países do continente, indicou que a experiência africana no combate à desigualdade, à fome e à pobreza pode contribuir para fortalecer a proposta brasileira de Aliança Global contra a Fome e Pobreza.
“Apoiamos completamente as prioridades apresentadas porque têm relevância direta para o continente africano. Nós precisamos embarcar na reforma das instituições políticas e financeiras globais. Todas as pautas são muito importantes e a África vai apoiar”, disse.
Amitabh Kant, sherpa indiano, destacou estar bastante entusiasmado com as propostas brasileiras para a transição energética e defendeu ser urgente o caminho para o uso de combustíveis limpos, energia renovável e biocombustíveis. “Apoiamos completamente a presidência brasileira e suas prioridades. Vamos trabalhar juntos para que seja bem sucedida”, enfatizou Kant.
Países convidados
Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura foram convidados pela presidência brasileira a participarem dos debates junto com os países-membros do bloco. A criação do Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres foi celebrada pela chefe da delegação dos Emirados Árabes Unidos, Ghada Alnabulsi. “Estamos muito agradecidas pelo convite para participar como país convidado e felizes com as discussões feitas durante a reunião da Trilha de Sherpas”, disse. Como representante do país anfitrião da última Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP 28, Alnabulsi falou sobre o desejo do país de levar adiante os objetivos da conferência durante o processo do G20 e apoiar as prioridades da presidência brasileira.
O sherpa angolano, Domingo Custódio, afirmou que a presidência brasileira trouxe uma nova perspectiva para o grupo, “que estava mais inclinado às questões macroeconômicas e do comércio, deixando as sociais um pouco de lado”, indicou. “A presidência do Brasil traz algo de novo: as questões sociais, a luta contra a pobreza e a resolução do problema da fome. Sentimos nas intervenções dos demais países um apoio à iniciativa do Brasil que nós, da Angola, também abraçamos”, celebrou Custódio.