DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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O relatório situacional após o período de intervenção do governo do Estado na saúde de Cuiabá aponta que o número de mortes no Hospital Municipal São Benedito quase dobrou no período de 15 de março a 31 de dezembro de 2022 e de 15 de março a 31 de dezembro de 2023, ou seja, no período em que a administração não pertencia mais à Prefeitura de Cuiabá.
Foram registrados 105 óbitos em 2022 e 196 na gestão da intervenção (um aumento de 86%). Os dados do relatório foram apresentados ao prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, na manhã desta quinta-feira (1).
O secretário de Saúde, Deiver Teixeira, fez uma ampla e robusta apresentação dos desafios deixados para o Município, que incluem a falta de médicos, insumos, medicamentos (alguns há mais de 150 dias), deficiências graves na rede estrutural de obras ‘entregues’ pela intervenção. Isso, sem contar que a intervenção mais de R$ 130 milhões em dívidas para 2024.
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“A verdade dos fatos está descrita nesses números, vidas perdidas. Retiraram as especialidades do Hospital São Benedito, sem cirurgia de alta complexidade, e não tivemos pandemia, sem nenhuma justificativa para esse aumento. O transformaram em um hospital de retaguarda, mas sem o suporte adequado às pessoas transferidas das UPAs e Policlínicas. É uma ação criminosa que será levada ao conhecimento das autoridades competentes para apuração”, declarou o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro.
O gestor assistencial do Hospital São Benedito, Prioter Antonito, enfermeiro obstetra que atua na rede de saúde há 28 anos, fez um relato sobre a situação imposta à população.
“Nós tínhamos a retaguarda da mudança clínica do hospital para atender pacientes graves; os números de óbitos eram menores devido a essa situação de atendimento, respeitando a patologia”, afirmou. “Depois, abriram o leque para a demanda de UPA e Policlínica; os pacientes chegavam graves na UPA e policlínica e eram encaminhados para o Hospital São Benedito”, explicou Prioter Antonito. Segundo ele, essa mudança foi o que causou o aumento de óbitos no período.
“Sem nenhuma dúvida, essa é uma das coisas mais graves que já vi durante toda minha vida pública. Posso considerar como uma das coisas mais espantosas. O Hospital São Benedito foi transformado em uma câmara de gás. Em nove meses e meio de gestão estadual, o número de óbitos dobrou, sem justificativas plausíveis, pois em 2023 não tivemos pandemia. Um verdadeiro assassinato em massa. Isso não ficará impune”, afirmou o chefe do Executivo Municipal.
Durante a apresentação, o enfermeiro, que atua há 28 anos na área de urgência e emergência, disse fazer parte do corpo clínico do Hospital São Benedito desde a sua abertura. “O Hospital São Benedito era referência no atendimento a pacientes graves. O índice de mortalidade era infinitamente menor. No entanto, após a intervenção estadual, os pacientes atendidos nas unidades de Saúde eram regulados após pedidos médicos para o hospital, para aguardar uma possível vaga em outros hospitais. Com trinta leitos de UTI, sendo vinte para regulação e dez para atender as demandas do hospital, que sempre ficavam lotadas, esses pacientes, necessitando de atendimentos específicos, por se tratar de casos graves com patologias instaladas, como derrame pleural ou aneurismas, eram colocados na enfermaria. Com isso, chegamos a registrar de cinco a seis óbitos por dia”, afirmou o enfermeiro.”
“Estamos diante de um cenário trágico, dramático e que, indiscutivelmente, só impôs sofrimento àquelas pessoas que buscavam ajuda”, explicou Deiver Teixeira.
Na próxima semana, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, fará o anúncio das medidas já adotadas e que ainda serão implementadas na saúde.
O outro lado
O Gabinete de Intervenção ainda não tomou conhecimento da fala do prefeito da capital, mas informa que:
1) Todos os números de atendimentos médicos, ambulatoriais e de UTIs tiveram aumento porque o Hospital São Benedito estava praticamente fechado antes da intervenção assumir a saúde da capital;
2) Ou seja, só por essa informação já é possível constatar que trata-se de mais uma conversa fiada do prefeito Emanuel Pinheiro que, ao invés de trabalhar e garantir atendimento digno à população, cria cortina de fumaça para acobertar o caos que é sua gestão.