MANU MONTEIRO
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O feminicídio é uma ferida aberta na sociedade brasileira, um crime que deixa marcas profundas nas famílias e na coletividade. Histórias como as de Ana Paula dos Santos Pereira Magalhães, de 41 anos, e Raquel Cattani, que tiveram suas vidas brutalmente interrompidas, são apenas algumas das milhares de tragédias que ocorrem em nosso país todos os anos. Essas mulheres representam um grito de dor que não pode ser silenciado.
Ana Paula foi assassinada pelo próprio marido, o médico veterinário Anderson Francisco de Magalhães, com um tiro na cabeça em setembro de 2023, no município de Cotriguaçu, a 950 km de Cuiabá. Após cumprir menos de um ano de prisão, Anderson foi solto por decisão judicial, gerando revolta não apenas em seus familiares, mas em todas as mulheres que se sentem desamparadas pela justiça. Quando soube que o médico veterinário, acusado de assassinar brutalmente sua esposa havia sido libertado, minha revolta foi imediata. Esse crime hediondo é um exemplo claro de como o nosso sistema de justiça muitas vezes falha em proteger as vítimas e punir adequadamente os culpados. Sua família agora vive a dor de saber que o homem responsável por tirar sua vida está livre, assistindo a um jogo de futebol e bebendo cachaça. Como mãe, advogada e defensora dos direitos das mulheres, sinto profundamente o impacto devastador que crimes como o feminicídio têm não só nas vítimas, mas também nas crianças que ficam órfãs e desamparadas após perderem suas mães de maneira tão cruel. Este caso, infelizmente, não é isolado, inúmeras histórias escancaram a fragilidade das leis que deveriam proteger as mulheres. Assim como Ana Paula, que foi mais uma vítima de um sistema que falha em garantir segurança e justiça para quem enfrenta a violência de gênero.
O feminicídio é uma realidade alarmante no Brasil. Em Mato Grosso, o cenário é ainda mais preocupante, com o estado liderando as estatísticas de feminicídio no país. De acordo com o Anuário de Segurança de 2024, mais de 1,2 milhão de mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano, o maior número desde que os registros começaram, em 2011. O aumento dos casos de estupro, que cresceram 6,5% em relação ao ano anterior, reforça a gravidade da situação.
A dor dos familiares dessa mulher e de tantas outras que não têm seus nomes estampados nos jornais, é um chamado à ação. A sociedade não pode permanecer indiferente diante de tanta violência. É necessário que as leis sejam mais rigorosas e que a justiça seja realmente aplicada, para que as vítimas possam encontrar um mínimo de paz e para que outras mulheres não tenham que passar pelo mesmo sofrimento.
A história de Ana Paula e tantas outras mulheres vítimas de feminicídio, deve servir como um alerta. Não podemos permitir que a impunidade continue a prevalecer, nem que o silêncio seja a resposta para essas atrocidades. A justiça deve ser feita, não apenas em memória dessas mulheres, mas para proteger todas as outras que, infelizmente, ainda vivem sob o terror da violência doméstica e de gênero. Do outro lado, como ficam as crianças órfãs do feminicídio. Essas crianças não podem ser deixadas à própria sorte. Elas precisam de suporte psicológico, social e educacional para garantir um futuro digno e protegido, longe da violência que marcou suas vidas.Essas crianças, muitas vezes, são as vítimas invisíveis do feminicídio. Elas não apenas perdem suas mães, mas também são privadas de uma infância segura e feliz. É nossa responsabilidade, como sociedade, garantir que elas recebam o apoio necessário para superar esse trauma e construir um futuro brilhante. Eu não posso, e não vou, permitir que a impunidade e a injustiça continuem a ser a norma.A história de Ana Paula dos Santos Pereira Magalhães e tantas outras mulheres vítimas do feminicídio não podem ser esquecidas. Ela é um alerta e um lembrete de que a luta contra o feminicídio é a luta de todos nós.
Manu Monteiro, candidata a vereadora por Cuiabá.Instagram @manumonteiro