Duas pessoas morreram e nove foram baleadas durante um conflito armado na Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), em Colniza (1.065 km ao Norte de Cuiabá), na madrugada deste sábado (05). A área é de propriedade da empresa Floresta Viva Exploração de Madeira e Terraplanagem, que tem como principal sócio o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva. O ex-governador Silval Barbosa também seria um dos donos da propriedade por meio de um “laranja”.
De acordo com informações da Polícia Civil o conflito foi entre seguranças da fazenda e supostos membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que tentaram invadir o local.
Conforme a polícia, as informações das duas mortes e sete feridos ainda são preliminares.
A Delegacia de Polícia de Colniza solicitou reforço da Gerência de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil, Ciopaer, da Secretaria de Segurança Pública, e peritos da Politec de Cuiabá para realizar os trabalhos de crime e necropsia.
Tragédia anunciada
Em setembro de 2018, o Ministério Público Estadual (MPE), por meio da Promotoria de Justiça de Colniza, oficiou o Governo do Estado sobre risco de conflito armado por disputas de terras na região. Na oportunidade um um grupo de aproximadamente 200 pessoas havia ocupado a fazenda, que possui 46 mil alqueires.
Diante da situação, o MPE comunicou as autoridades competentes reiterando providências.
“Não há dúvida de que a ausência de intervenção imediata do Estado pode ocasionar a morte de dezenas de pessoas”, afirmou à época o promotor de Justiça de Colniza em ofício encaminhado ao governador do Estado, com cópia integral da Notícia de Fato, solicitando adoção de providências para impedir o conflito armado.
De acordo com o MPE, a Fazenda Agropecuária Bauru (Magali) vem sofrendo invasões desde o ano 2000 e, após a reintegração de posse ocorrida em 2017.Atualizada (13h37) – A assessoria do ex-deputado Riva, por meio de nota, afirmou que os seguranças da fazenda foram vítimas de uma emboscada “realizada por terceiros, fortemente armados” que atentaram contra a vida dos profissionais. A assessoria também disse que a área já sofreu inúmeras “invasões ilegais”. Leia o texto na íntegra:
“A empresa Floresta Viva, em decorrência dos últimos fatos ocorridos em sua propriedade rural situada em Colniza-MT, esclarece:
1) A Fazenda Bauru desde sua aquisição sofre inúmeras invasões ilegais, onde a propriedade é destruída e crimes ambientais são realizados. Todas as invasões foram devidamente comunicadas ao Poder Judiciário;
2) Os invasores insistem em desrespeitar as ordens judiciais, inclusive de afastamento dos limites da propriedade e, comentem toda sorte de crimes, como ameaça, crimes ambientais e etc. Tais ocorrências sempre foram devidamente comunicadas em tempo e modo as autoridades competentes;
3) Em razão das inúmeras invasões, a empresa contratou uma empresa de segurança privada, devidamente registrada e previamente informada as autoridades, com a finalidade de proteger o local das inúmeras invasões;
4) Infelizmente no dia de hoje, empregados da empresa habilitada de segurança terceirizada privada, situada na Fazenda Bauru, sofreram uma emboscada realizada por terceiros, fortemente armados, que atentaram contra a vida dos seguranças e empregados da fazenda.
5) Lamentavelmente pessoas que se auto denominam trabalhadores rurais, mas que fazem parte de um grupo armado, novamente desrespeitando ordem judicial de reintegração de posse e de afastamento dos limites da propriedade, não somente atentaram contra a vida de pessoas como pretenderam com o uso da força, invadir a propriedade rural produtiva, para cometer crimes de toda ordem.
6)A empresa de segurança limitou-se a defender no intuito de garantir a integridade física dos seus empregados.
7) A empresa Floresta Viva, imediatamente após o ocorrido, comunicou os fatos as autoridades competentes.
8) Igualmente, como em todas as ocasiões, a empresa Floresta Viva levará a situação ao Poder Judiciário para garantir a ordem e o cumprimento da lei.
9) Por fim, a empresa lamenta o ocorrido, externando sua preocupação com a vida e integralidade física de todos os envolvidos.”