Dois anos após tirar licença médica, a tenente Izadora Ledur de Souza Dechamps voltou a trabalhar no Corpo de Bombeiros de Mato Grosso. Ela se apresentou à Diretoria de Segurança Contra Incêndio e Pânico (DSCIP) no último dia 7 de janeiro, onde exerce função administrativa, segundo a assessoria da corporação.
Ledur é acusada por crime de tortura que resultou na morte do aluno Rodrigo Claro, 21, no dia 15 novembro de 2016. A oficial era responsável pela coordenação do treinamento do curso de formação de novos oficiais, do qual Rodrigo fazia parte.
A primeira licença para tratamento de depressão foi publicada no Diário Oficial do dia 20 de dezembro de 2016, mas referente ao período de 25 de novembro de 2016 a 24 de dezembro de 2016. Conforme os atestados apresentados pela tenente, ela estaria passando por um quadro de depressão profunda.
Durante todo esse período de afastamento, uma investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar, com intuito de apurar se ela tem condições ou não de permanecer na corporação, ficou paralisada. No entanto, conforme o Corpo de Bombeiros, os trabalhos do processo administrativo serão retomados a partir do dia 20 de janeiro.
O Conselho de Justificação foi criado em março deste ano, composto de 3 oficiais da ativa, de posto superior ao justificante. O resultado do Inquérito Policial Militar (IPM), que investiga possíveis excessos por parte da tenente Ledur durante os treinamentos na Lagoa Trevisan, levou a militar a ser investigada pelo Conselho de Justificação. Ao final, dependendo do resultado, ela poderá ser expulsa da corporação.
Família de Rodrigo segue na busca por justiça.
Rodrigo Claro morreu após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro do estado de Mato Grosso. A vítima teve hemorragia poucas horas depois de deixar o local, onde foi submetida a sessões de afogamento durante a travessia na lagoa, sob o comando da tenente Izadora Ledur. Ele ficou internado e morreu 5 dias depois.
Em agosto de 2017, Ledur virou ré em processo penal que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá junto a outros 5 bombeiros. O Ministério Público Estadual (MPE) pede na ação penal a condenação por tortura seguida de morte e indenização aos danos causados, como o pagamento do tratamento da vítima, funeral e o luto da família.