O terrorista italiano Cesare Battisti, 64 anos, que foi preso no último sábado, na Bolívia e chegou ontem na Itália onde está em penitenciária de segurança máxima, passou por Sinop, na sua rota de fuga para a cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra, em dezembro. Após sua prisão ter sido decretada pelo Supremo Tribunal Federal, o que resultaria em sua extradição, Battisti deixou Cananeia, interior de São Paulo, e as investigações apontam que ele viajou, em voo comercial, de São Paulo para Sinop, em 15 de dezembro, há um mês.
O La Repubblica, um dos mais conceituados jornais da Itália, teve acesso junto a autoridades italianas, ao plano de fuga do terrorista que, há 37 anos fez parte de um grupo que promoveu ataques, causando 4 mortes e foi condenado a prisão perpétua. “Sentado na sala de espera do pequeno aeroporto de Sinop, estado do Mato Grosso, ele conecta a rede Wi-Fi ao seu telefone”. “Quando a Polícia Federal brasileira, que já havia sido notificada na véspera do verão, em 13 de dezembro, descobriu que a casa de Cananeia estava vazia, a caixa de ferramentas da Polícia italiana com o fruto do trabalho de “funil” nos telefones é a chave que abre a imagem. Isso nos permite verificar que Battisti, que tem uma vantagem significativa ao longo do tempo, deixou a vila de pescadores a trezentos quilômetros ao sul de São Paulo na terceira década de novembro. Para ganhar um lugar remoto do imenso Brasil, a região amazônica do estado do Mato Grosso. Perto da fronteira com a Bolívia. Onde Battisti uma vez tentou reparar, onde uma vez ele foi preso e onde – nossos investigadores estão convencidos – ele é novamente dirigido. Se apenas porque, naquela metade de dezembro, é um dos traços deixados pelo celular do Fmei para indicá-lo. A conexão com o aeroporto Wifi de Sinop, onde Battisti, como será verificado naqueles dias, embarcou para La Paz”, informa o jornalista Carlo Bonini.
O terrorista teria seguido de Sinop a Bolívia de carro, conforme informa o jornal italiano Il Messagero . Depois de desaparecer do interior paulista, a polícia conseguiu, “graças ao sistema de localização, por um lado, e ao Skype e às comunicações sociais, por outro, eles começam a seguir os movimentos dos celulares suspeitos. Que dão indicações interessantes. Em 15 de dezembro, um deles é relatado em um voo de São Paulo para Sinop, uma cidade do Mato Grosso. Outras trilhas vêm de Lucas do Rio Verde, a apenas 150 km ao sul de Sinop, também no Brasil e no dia seguinte de Cáceres, a última grande cidade antes da Bolívia. E no dia 17, outra faixa é gravada em San Matias, do outro lado da fronteira”, revela o jornal.
O site jornalístico italiano Occhi Della Guerra informa, na reportagem ‘a última fuga de Battisti e o erro de wi-fi’, que “a polícia brasileira é ativada. Mas ele descobre que a casa de Cananeia está vazia. Os vizinhos dizem que não viram ninguém em alguns dias: Battisti desapareceu novamente. Mas o terrorista não sabe que a polícia já ativou seu funil. A interseção de números e contatos deixa claro que o terrorista saiu da vila de pescadores onde mora no final de novembro: direção Mato Grosso, na fronteira com a Bolívia. Área impermeável, selva, onde uma vez tentou fugir. Mas Battisti comete um erro fatal. Em meados de dezembro, o celular do Pac deixa um traço: ele se conecta ao aeroporto de Sinop wi-fi, onde embarca para La Paz, capital da Bolívia”.
Após a confirmação de sua prisão, em investigação conjunta das polícias da Bolívia, Brasil e Italia, o governo italiano encaminhou, no domingo, uma equipe com agentes e, de avião, transferiu o terrorista para uma prisão na Itália, o que é considerado pela imprensa italiana como momento histórico. Battisti viveu 14 anos no Brasil e não havia sido extraditado porque conseguiu do ex-presidente Lula indulto. Após o STF decretar, em 13 de dezembro, sua prisão, para fins de extradição, o ex-presidente Michel Temer sinalizou que autorizaria sua transferência para a Itália assim como o presidente Jair Bolsonaro. Depois da decisão do Supremo, o italiano, que fugiu da justiça de seu país por quase 40 anos, deixou o Brasil e, na Bolívia, tentaria asilo político, com apoio de amigos brasileiros. Mas acabou capturado.