O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Eduardo Botelho (DEM), considera que o ex-governador Pedro Taques (PSDB) teve “sorte” ao contar com um montante de recursos extras durante os quatro anos de gestão. Segundo o parlamentar, esta entrada de dinheiro evitou um colapso financeiro ainda na gestão passada.
Para Botelho, sem fazer as reformas necessárias para o Estado, Taques “empurrou a conta” para o atual governador Mauro Mendes (DEM). O deputado explicou que o atual chefe do Executivo não teve saída senão decretar estado de calamidade financeira.
Outro ponto avaliado por Botelho é que salvação imediata para equilibrar as contas públicas seria o Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX), mas recurso ainda é uma incógnita.
“O governo Pedro Taques teve sorte, porque tinha algum dinheiro para receber. Em 2015 ele recebeu dois FEX, em 2016 quando ele já estava chegando a colapso no final do ano, ele recebeu o FEX e mais o dinheiro da JBS. Veio o dinheiro da Votorantim e na Energisa, em 2017. Em 2018, quando estava entrando em colapso, ele negociou com a Petrobras entrou o recurso e ele conseguiu empurrar essa conta”, explicou Botelho em entrevista a rádio Centro América, nesta manhã, em Cuiabá.
Estes recursos, somados, superam a cifra de R$ 1 bilhão.
O democrata analisa que o Estado acumulou dívidas que frustram todo encaminhamento das contas públicas. Ele adianta que a esperança é que o FEX chegue o quanto antes para auxiliar o caixa. “O Estado, se ele gasta mais do arrecada ele vai ficar devendo alguém. O que aconteceu até hoje, o Estado financiou está bola de neve que está desde 2015. Não tem mais recurso para vim, o FEX é uma incógnita”.
Questionado se deputados que aprovaram leis de carreiras públicas, como aquelas que concedem aumento para alguns cargos do serviço público, são responsáveis pela crise que se assola o Estado, ele pontua que todos sabem que foram coniventes com este processo. “Os deputados atuais e alguns da legislatura passada tem consciência disso, de que aprovou o projeto sem analisar a condição financeira do estado para os próximos anos. Houve certa conivência neste aspecto”, admite.
Para Botelho, as primeiras medidas de Mendes estão certas com objetivo de atingir o equilíbrio financeiro do Estado, principalmente para poder se pagar o salário em dias. “O servidor precisa ganhar bem, nós todos concordamos. Precisa receber em dias, porque a pior coisa que tem é você receber atrasado, afeta todas as suas finanças de modo geral. Então, a primeira coisa é restabelecer o pagamento do salário em dias. E este é um trabalho que esta sendo feito. Dentro do mais rápido possível, uns seis meses, o Estado deve consiguir reestabelecer”, assinalou.
CALAMIDADE FINANCEIRA
O governador decretou estado de calamidade financeira na última sexta-feira (18), com objetivo de reestabelecer as contas do Estado renegociando e priorizando pagamentos. Para isso, ele descreve em decreto vários pontos que devem ser acatados e executados pelos gestores, entre eles a renegociação de dívidas, e de contratos.
O decreto vale por 180 dias, e ainda deve passar essa semana pelo crivo da Assembleia Legislativa.