Mato Grosso, que em 2017 produziu 67,1% de todo o algodão do Brasil segundo o IBGE, poderia receber dividendos expressivos caso consiga levar adiante o projeto de taxar as commodities do agronegócio. Levando em conta dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), só em 2018, o algodão em pluma teria potencial de repassar ao Estado R$ 156 milhões em tributos.
O cálculo leva em conta a declaração do presidente da Cooperpluma-Cooperativa de Beneficiamento de Algodão, Carlos Muniz, ao Blog do Canal Rural Mato Grosso no último dia 11. Chega-se ao número de R$ 156 milhões multiplicando o valor que o Governo do Estado quer cobrar por cada tonelada de algodão em pluma exportada, segundo Carlos Muniz, que é de R$ 300,00. Um boletim do IMEA aponta que os produtores de Mato Grosso devem exportar cerca de 522.530 toneladas do produto em 2018.
Para Carlos Muniz, porém, o valor é “totalmente descabido” e “fora do contexto do mercado”. “Isso é um custo de mais de 5 arrobas de pluma por hectare. É totalmente absurdo. E isso é muito sério. Inviabiliza a exportação do algodão de Mato Grosso e nos torna incompetitivos no mercado mundial”.
A Cooperpluma-Cooperativa localiza-se em Campo Verde (136 km de Cuiabá). O município é um dos maiores produtores brasileiros de algodão.
FAMATO
O mesmo programa do Blog do Canal Rural também contou com a entrevista do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Normando Corral. Ele classificou a proposta de taxação do agronegócio estadual como “bastante agressiva” e que ela irá “fechar as portas do Estado”.
“Na verdade é uma proposta bastante agressiva e que em primeiro momento ela não leva em conta o impacto causado a cada atividade. Ela simplesmente é uma proposta feita para fechar as portas do Estado”, disse ele.
Corral também revelou no programa a realização de uma reunião entre representantes do setor e gestores públicos, como o governador Mauro Mendes (DEM), o vice, Otaviano Pivetta (PDT), além dos secretários Mauro Carvalho (Casa Civil) e Rogério Galo (Fazenda). Segundo o presidente da Famato, os membros do Poder Público pediram uma “contraproposta” dos empresários do agronegócio.
“E queremos conversar isso aí com tranquilidade, vamos debater ele, pedimos um prazo, porque nós vamos levar o estudo e mostrar com argumentos, com números, o impacto que está causando essa pretensa proposta na cadeia produtiva. Nós estamos preocupados com a situação do Estado mas também estamos preocupados com a nossa situação”.