UFMT recebe denúncia de supostas fraudes em cotas raciais em curso

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) recebeu denúncia nesta quinta-feira (31) de supostas fraudes em cotas raciais do curso de medicina, através do processo seletivo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A queixa partiu do representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) junto ao Conselho Estadual de Educação, Vinícius Brasilino, de 26 anos, que considera o sistema de cotas necessário para corrigir desigualdades históricas no país.

Ao Olhar Direto, Vinícius disse que a autodeclaração étnico-racial não é suficiente para ingressar em uma universidade através do sistema de cotas. “As cotas de negro, pardo e indígena dependem não só da autodeclaração. Essas pessoas nitidamente você consegue identificar que não se enquadram nos padrões para entrar nas cotas de negros e indígenas. Por isso a gente oficializou a denúncia”, disse.
 
Ele afirmou que irá entrar também com uma ação no Ministério Público Federal (MPF) para apurar fraudes em outros cursos. Segundo ele, alguns alunos estariam tentando burlar até mesmo cotas destinadas para Pessoas com Deficiência (PCD). “As pessoas estão tentando se beneficiar com as cotas, mas não é tão simples assim. Existem cotas sociais, mas a cota que estamos questionando é a racial. A cota que trata realmente de corrigir uma desigualdade histórica, quanto do povo negro, como do povo indígena”.
 
Entre as pessoas investigadas, estariam também jovens com descendência japonesa. “A gente não consegue entender, são pessoas com nome, sobrenome e aparência.  Tratam como se fosse apenas uma questão da árvore genealógica, mas a questão racial no Brasil é uma questão social”, ponderou.
 
Brasilino diz que é necessário apurar a denúncia, pois os jovens podem estar ocupando vagas que não pertencem a eles. “Ninguém se identifica pardo quando esta tomando um ‘baculejo’ da polícia, não são identificados pardos aqueles 70% de jovens que são mortos pela violência no nosso país. Se identificar como pardo e negro apenas para entrar na universidade é conveniente e a cota não é um objeto de conveniência, ela é uma reparação histórica. Por isso a gente denunciou e eu expus com muita consciência do que estava fazendo. Se não questionarmos a veracidade deste processo, vamos estar com inúmeras pessoas ocupando a vaga que não é sua na universidade, de fato, nem de direito”, disse.
 
Cotas
 
Todas as universidades federais possuem vagas reservadas para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas, de acordo com a Lei nº 12.711/2012 (Lei de Cotas), alterada pela Lei nº 13.409/2016.. Existe também um percentual de vagas reservadas para estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Além disso, cada universidade participante também pode oferecer vagas para suas próprias ações afirmativas, como por exemplo: pessoas com deficiência e quilombolas.  
 
Outro lado
 
Procurada, a assessoria de imprensa da UFMT disse estar apurando a situação, mas não se posicionou até o fechamento desta matéria.

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