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ALMT - Posto TRE - Abril

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Dados de queimadas deixam o Inpe e serão reunidos em novo painel

Inpe/Reprodução

O diretor nacional do Instituto de Meteorologia (Inmet), Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, disse nesta terça-feira (13) que os dados sobre alertas de queimadas no Brasil deixarão de ser emitidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo Miguel Ivan, os dados passarão a ser concentrados no “Painel de Monitoramento ao Risco de Incêndio”, um novo produto dentro do Sistema Nacional de Meteorologia (SNM).

Em nota conjunta do Inpe, do Inmet e do Censipam, as entidades afirmam que o novo painel “é complementar aos produtos já implementados pelas instituições e serve para melhorar o monitoramento de queimadas”.

Segundo a nota, “não procede” que os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Defesa (MD) deixarão de mostrar dados de incêndios.

Anúncio com ministra da agricultura

O anúncio de Miguel Ivan foi feito durante o evento on-line com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

“A gente já fechou hoje pela manhã que não haverá mais emissão do Inpe sobre incêndio ou do Censipam sobre incêndio, será do sistema nacional de meteorologia. Todos relatórios do governo federal são passados por esse sistema que está sendo organizado aqui”, disse Miguel Ivan, diretor nacional do Instituto de Meteorologia (Inmet).

O Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia) é um órgão do Ministério da Defesa que produz monitoramento de ocorrências, previsão do tempo e hidrologia na Amazônia.

Em setembro do ano passado, quando o governo federal era criticado pela resposta ao aumento das queimadas e do desmatamento, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, sugeriu a criação de uma nova agência nacional que centralizaria os dados de monitoramento via satélite. Sem dar detalhes, Mourão afirmou que a ideia seria colocar as informações sob a gestão do Censipam.

À época, A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgaram carta contra a tentativa de controlar e obstruir dados do Inpe.

Reação entre pesquisadores

Pesquisadores do Inpe ouvidos pelo G1 dizem que foram pegos de surpresa com a afirmação de Oliveira, embora em 9 de julho os técnicos tenham participado de reunião coordenada pela Casa Civil que tratou da uniformização da divulgação dos dados.

O pesquisador Alberto Setzer, pesquisador do Programa Queimadas desde a década de 1980, quando o programa foi criado, relata que todos no instituto foram surpreendidos pelo anúncio de Miguel Ivan Lacerda.

Segundo Setzer, houve reunião recente com a Casa Civil que indicavam uma uniformização na divulgação dos dados, mas não que eles deixariam de ser emitidos pelo Inpe.

“No dia 9 de julho, no final da manhã, houve uma reunião coordenada pela Casa Civil da Presidência da República com o objetivo justamente de coordenar, de unificar as divulgações de dados, para evitar contradição de números, uma vez que todo sabe que a questão das queimadas é bastante quente, no sentido do noticiário. Então, a Casa Civil fez essa reunião com a finalidade justamente de acertar os ponteiros. Foi a última informação oficial que tivemos, e estava tudo certo”, comentou Setzer.

Por causa da reunião anterior, a afirmação de que “não haverá mais emissão do Inpe sobre incêndio” causou perplexidade dentro do Inpe. O G1 entrou em contato com o MCTI e com a Casa Civil para perguntar sobre o funcionamento do Programa Queimadas e a divulgação dos dados, mas, até a última atualização desta reportagem, não havia recebido uma resposta.

“Nós ficamos sabendo apenas hoje de manhã depois que saiu no site do Congresso, e a própria mídia começou a nos bombardear, e a resposta que a gente tem dado é que fomos pegos totalmente de surpresa, isso nunca foi conversado, isso nunca foi decidido. O Programa Queimadas não está sabendo disso, a direção do Inpe não está sabendo disso, é algo totalmente estranho a nós no Inpe”, disse Setzer.

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