WILLIAM FIGUEIREDO
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“Filho, não deixa esse chuveiro aberto o tempo todo!” Quem nunca ouviu uma frase assim? Eu ouvi, repetidas vezes, do meu pai – e sou grato por isso. Aprendi, desde cedo, que a adoção de boas práticas começa em casa. Os ensinamentos que recebi sobre usar a água tratada com moderação, sem desperdícios, utilizo até hoje, diariamente, tanto na esfera pessoal quanto na corporativa. São ensinamentos valiosos que busco repassar ao meu filho, compartilhar com os colegas de trabalho e com a comunidade.
Recurso natural essencial e finito, a água necessita ser tratada com respeito, por todos. Dos responsáveis pelos serviços de saneamento básico até os consumidores de todos os portes, a consciência de que cada gota importa é fundamental à manutenção da disponibilidade das reservas apropriadas ao consumo humano. É sempre bom termos em mente que, apesar da superfície terrestre ser coberta em 70% por este líquido fundamental à sobrevivência, apenas 1% disso está disponível para chegar às torneiras.
Neste contexto, nossa cidade dispõe de uma condição privilegiada. Seus rios têm conseguido, ao logo dos anos, garantir o abastecimento às famílias cuiabanas com regularidade, mesmo em períodos de forte seca, à exemplo da vivenciada em 2019. No que se refere aos serviços de saneamento básico, os sistemas de água e de esgoto vêm recebendo, desde o segundo semestre de 2017, quando a Águas Cuiabá, empresa da Iguá Saneamento, passou a atuar, robustos aportes em expansão e melhoria, condição que posicionou a capital mato-grossense como a que mais investe no setor por habitante no país, segundo o Ranking Trata Brasil 2022.
Dentre as iniciativas de maior relevância, a construção e entrada em operação da Estação de Tratamento de Água (ETA) Sul representa, certamente, um marco na história do município. Graças à sua estrutura, tecnologia e capacidade de armazenamento, bairros como o Parque Cuiabá e o Santa Terezinha passaram a ter água na torneira 24 horas por dia, com pressão, o que representa um importante ganho na qualidade de vida dos moradores das regiões atendidas pela unidade.
E não há como falar de água sem mencionar o esgoto. Cuiabá tem, hoje, um novo retrato neste serviço. A instalação de novas redes coletoras, juntamente com a modernização das estações de tratamento existentes e a construção da ETE Lipa, que opera desde o ano passado, fizeram com que a cobertura dos serviços saltasse para atuais 79%. Os avanços continuarão e, em 2024, alcançaremos 91%. Nossa cidade cumprirá, com quase uma década de antecedência, as metas estabelecidas no Marco Nacional do Saneamento Básico.
Neste sentido, é importante lembrarmos que, quanto maior o índice de tratamento de esgoto, menor a poluição dos rios, o que amplia a disponibilidade de água adequada ao consumo humano. Este é o ciclo virtuoso do saneamento básico, que tem vários protagonistas, mas nenhum deles tão fortes quanto cada cidadão.
O poder de usar somente o necessário, não desperdiçar, mudar a rotina em casa, no trabalho e na escola, é individual. Basta uma decisão de fechar a torneira do chuveiro durante o banho, reaproveitar a água da lavadora de roupas e usar o balde em lugar da mangueira ao lavar o carro, para que cada gota economizada se transforme em litros. Da mesma forma, basta uma mudança de hábitos para que a nova rotina vire exemplo, ganhe adeptos e passe a fazer parte da cultura de uma comunidade.
Quando o período mais seco do ano chega, costumamos reforçar essa mensagem. Mas sabemos que o consumo consciente de água, assim como o próprio recurso natural, é essencial sendo, também, permanentemente válido. Na estiagem ou durante as chuvas, cada gota importa.
William Figueiredo é diretor geral da Águas Cuiabá