O jornal americano The New York Times incorporou o termo “tchutchuca”. A novidade veio à tona depois que o youtuber Wilker Leão se referiu assim ao presidente Jair Bolsonaro (PL), em confusão na frente do Palácio da Alvorada, no último dia 18 . Na ocasião, o jovem o insultou de “tchutchuca do centrão”, “covarde”, “vagabundo” e “safado”. O monitoramento do vocabulário do jornal é feito por uma página no Twitter chamada ” New New York Times ” (Novo [no] New York Times, em tradução livre).
No último sábado (20), o jornalista Jack Nicas, do New York Times , escreveu uma reportagem sobre o embate entre o presidente e o youtuber em Brasília. No texto, ele primeiro traduz o termo “tchutchuca do centrão” para “the pork barrelers’ little lap dog” e, só depois, escreve o termo original, em português.
“The pork barrelers’ little lap dog” poderia ser traduzido, literalmente, como “o cachorrinho de colo dos políticos de ‘barril de porco’.” Segundo uma publicação da revista acadêmica Econômica , da Universidade Federal Fluminense (UFF), a origem do termo “barril de porco” remonta aos tempos da escravatura, nos Estados Unidos, em que era dado aos escravos um barril de “porco conservado em sal”, fazendo com que eles competissem entre si pelo alimento. No contexto político, a metáfora diz respeito a políticos que tentam garantir para si a maior quantidade de verbas disponíveis para satisfazer seu eleitorado e aumentar a probabilidade de ser reeleito.
A gíria “centrão” não corresponde exatamente ao termo ” pork barrelers “, escolhido pelo New York Times. Mas, como reconheceu o jornalista Jack Nicas na reportagem, encontrar uma tradução apropriada para o termo foi bastante desafiador.
“O insulto — “tchutchuca do centrão” — representou um desafio particular para os correspondentes estrangeiros que tentam traduzi-lo para suas audiências”, escreveu Nicas. “A tradução é particularmente complicada porque ambas as palavras, ‘tchutchuca’ e ‘centrão’, são profundamente brasileiras e têm origens complicadas.”
A dificuldade não foi só do jornal americano, como de toda a imprensa internacional. Na França, “tchutchuca” foi traduzido para ” putain ”, palavra para “”prostituta”. Na Argentina, a tradução escolhida para o termo foi ” perrita del centrao “, algo como “cadelinha do centrão”.
Esta não foi a primeira vez que o perfil que monitora o vocabulário do New York Times registra uma gíria inédita da língua portuguesa. Após a morte da cantora Marília Mendonça, em novembro de 2021, o obituário publicado no jornal contou pela primeira vez com o termo “feminejo”.
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Fonte: IG Política