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Pix completa dois anos de funcionamento: foi Bolsonaro quem criou?

Pix já é o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros após dois anos
Luciano Rodrigues

Pix já é o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros após dois anos

Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto , não. Lançado oficialmente em 16 de novembro de 2020, no final do segundo ano de mandato de Jair Bolsonaro (PL), o  Pix teria sido gestado na gestão anterior, de Michel Temer .

Instantânea e gratuita, a ferramenta de transações naturalmente caiu no gosto dos brasileiros e hoje já é o meio de pagamentos mais usado no País . Em dois anos, foram mais de 26 bilhões de transações feitas .

Durante a campanha eleitoral deste ano, Bolsonaro se associou constantemente à criação do Pix, inclusive em campanhas veiculadas nas televisões e rádios do país, apoiadores chegaram a tratá-lo como “Pai” da ferramenta, mas a verdade é que ele teve apenas a sorte de ser o presidente quando o Pix foi lançado, já durante a pandemia de Covid-19.

O presidente do BC, nomeado por Bolsonaro, já disse que “O Pix não foi um projeto meu, é um projeto do BC, e tem várias novas funcionalidades que vão acontecer no futuro.” O processo de criação da ferramenta começou em 2018, durante o governo Temer e a gestão de  Ilan Goldfajn à frente da autoridade monetária.

Em maio daquele ano, a portaria 97.909 do BC instituiu um grupo de trabalho que dizia ter como objetivo e função “contribuir para a construção de um ecossistema de pagamentos instantâneos competitivo, eficiente, seguro e inclusivo”. Segundo servidores da autoridade monetária, foi aí que começou, de fato, o Pix.

A partir disso, a ferramenta foi desenvolvida, aperfeiçoada, testada e, enfim, colocada em prática, pouco mais de dois anos depois, já em outra gestão do Banco Central e com outro Presidente da República.

Bolsonaro não sabia o que era o Pix

Um mês antes do lançamento do Pix, Bolsonaro nem sabia o que era
Reprodução/SBT

Um mês antes do lançamento do Pix, Bolsonaro nem sabia o que era

Em outubro de 2020, quando o Pix já passava por testes finais para ser lançado, o presidente foi questionado sobre o sistema por um apoiador e demonstrou não saber sequer do que se tratava. À época, ele achou que se tratava de algo relacionado à aviação civil.

“Não tomei conhecimento, vou conversar esta semana com o Campos Neto”, disse na sequência.

Pouco mais de seis meses depois, já com o Pix em pleno funcionamento, ele revelou durante live que ainda não havia “feito um Pix” ou recebido. “Não tenho, tô a fim de fazer um aí. Cai dinheiro na conta da gente de graça? Se pedir, o pessoal bota? Vou fazer meu Pix aí”, brincou o presidente.

“Tiramos dinheiro de banqueiros”: o uso político do Pix

Com a economia em crise, as pesquisas indicando o favoritismo de Lula e o Pix consolidado como um sucesso, Bolsonaro passou a usar do meio de pagamentos para tentar se reeleger, se associando à imagem do sistema de pagamentos.

Uma das formas encontradas pelo candidato derrotado no segundo turno foi dizer que o Pix, por ser uma transação gratuita, tirou dinheiro dos bancos. Segundo o presidente do BC, mais uma vez, isso não é verdade.

“Criamos o Pix, tirando dinheiro de banqueiros , fazendo com que a população pudesse se transformar, muitos, em pequenos empresários”, disse Bolsonaro em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, antes do primeiro turno das eleições.

Roberto Campos Neto, por sua vez, diz que: “Não é verdade que os bancos perdem dinheiro como Pix, inclusive a gente deve em algum momento soltar algum tipo de estudo mostrando isso”.

“Você tem uma perda de receita em transferência, mas por outro lado novas contas são abertas, novos modelos de negócio são gerados, você retira dinheiro de circulação, que é um custo enorme para o banco, você aumenta a transação, o transacional aumenta”, justificou.

Não há, no balanço dos principais bancos , qualquer indício de perda com o Pix. Em 2021, primeiro ano com Pix desde o começo, os quatro maiores bancos de capital aberto do país tiveram lucro líquido 32,5% maior do que 2020, totalizando R$ 81,6 bilhões.

Fonte: IG ECONOMIA

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