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PÓS PANDEMIA

Abertura das fronteiras da China terá impacto na economia mundial

Sedec MT

A China está reabrindo suas fronteiras neste domingo, 8 de janeiro, depois de quase três anos de isolamento provocado pela Covid-19.

A reabertura das fronteiras para estrangeiros e a eliminação da quarentena obrigatória para os viajantes marca o fim da política de “Covid zero”, adotada pelas autoridades chinesas desde o início da pandemia.

O país asiático foi a última grande economia do mundo a abolir as restrições no movimento de pessoas para tentar controlar a doença.

Com a mudança e a volta de uma vida mais normal, a economia chinesa vai passar a crescer em ritmo mais acelerado. O principal motor desse crescimento será o consumo interno no país, que vai voltar a patamares parecidos com os registrados antes das restrições.

Aumento nos preços das commodities

Com um enorme mercado interno de mais de 1,4 bilhão de pessoas, esse aumento na demanda pela China vai provocar um aumento nos preços de várias commodities e terá impacto inflacionário pelo mundo – justamente num momento em que as maiores economias ocidentais e o Brasil sofrem com custo de vida e juros muito altos.

O professor do Insper, Roberto Dumas, economista especializado em China, diz que o preço do minério de ferro, por exemplo, deve aumentar muito com a China voltando à normalidade. “Além do aumento do consumo no mercado interno, acredito que a China também vai apresentar mais um pacote de infraestrutura para ajudar o crescimento da economia. Além disso, a indústria manufatureira vai voltar a altos patamares de produção. Esses fatores vão levar ao inevitável aumento dos preços do minério de ferro, o que é bom para o Brasil”, diz ele.

A demanda chinesa por petróleo também vai aumentar, o que deve impactar os preços do produto nos mercados internacionais –que já estão bastante afetados por conta dos efeitos da guerra na Ucrânia e sanções contra a compra de petróleo russo.

Dumas diz que isso vai prejudicar o controle inflacionário não só no Brasil mas também em países como o Reino Unido, os Estados Unidos e a União Europeia.

“Teremos novamente um choque de oferta, o que vai levar a um aumento de preços justamente no momento em que o mundo quer arrefecer os preços”, diz ele. “Em resumo, isso pode prejudicar a normalização das políticas monetárias ao redor do mundo”, afirma.

Explosão de casos de Covid

Tudo isso acontece em meio a um grande aumento nos casos de Covid no país asiático.

Isso acontece porque a China não adotou medidas sanitárias importantes durante a política de “covid zero”, como a ampliação do programa de vacinação e a importação de imunizantes que podem ser mais efetivos no combate a determinadas cepas do vírus.

O sistema de saúde chinês não está conseguindo lidar com o aumento exponencial dos casos, o que pode levar a um crescimento muito forte no número de mortes no país.

Segundo o professor Dumas, um estudo da Universidade de Fudan estima que um total de 1.5 milhão de chineses podem morrer de Covid caso as políticas sanitárias chinesas não melhorem.

Dumas diz que esse aumento no número de mortes pode levar a dois possíveis resultados negativos: uma volta das restrições de movimento ou o surgimento de graves protestos de grupos revoltados com o aumento de mortes na população.

Os dois levariam a muitos problemas econômicos. “Os mercados reagiriam muito mal a uma possível elevação da tensão social no país”, diz Dumas.

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  • 9 de janeiro de 2023 às 13:04:03
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