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Considerar a pessoa, não apenas como um sistema de engrenagens que precisam estar em pleno funcionamento, mas como alguém que além do físico, necessita de um cuidado também o emocional é a base da medicina integrativa. Esse tipo de trabalho, que olha toda a formação e contexto em que aquele indivíduo está inserido, é um importante aliado no tratamento do autismo, por meio da Medicina Integrativa.
Nesta segunda-feira (23.01) é comemorado o Dia Internacional da Medicina Integrativa e a psicóloga Jaqueline França, que é especialista em autismo, fala da importância desse trabalho integrativo, uma vez que o espectro autista não é uma doença, mas sim, uma condição neurobiológica. Portanto, o cérebro de uma pessoa que está nessa condição (do espectro) funciona de uma forma específica, fazendo muitas sinapses (ligações) em uma parte, menos em outras. A consequência disso é o aparecimento de determinados comportamentos.
Nesse contexto, a pessoa que está no espectro pode apresentar duas comorbidades que precisam ser tratadas: uma é a disfunção do processamento sensorial e a outra é a disfunção gástrica imune metabólica. “Elas estão ali na base e não adianta queremos desenvolver um comportamento, ensinar algo para a criança, ajudar a desenvolver a parte cognitiva, comunicação, querer extinguir comportamentos repetitivos de isolamento se essa criança não está com a base bem desenvolvida”, pontua Jaqueline.
A especialista destaca, contudo, que não é o autismo que precisa ser tratado, mas sim, os prejuízos causados pelo processamento cerebral. Afinal, esses comportamentos e sintomas, advindos da condição cerebral, podem causar prejuízo para a pessoa que está no espectro.
Por exemplo, a pessoa que apresenta disfunção gástrica imune metabólica podem apresentar sintomas após o contato com determinadas substâncias. Dependendo do que é ingerido ou ao menos tem um contato, o organismo não está disposto a lidar e não consegue digerir, podendo causar prejuízos ao funcionamento daquele corpo.
Então, essa pessoa pode apresentar sintomas como diarreia, constipação, ficar muito agitadas ou passivas. Jaqueline comenta ainda que pessoas que estão no espectro podem adoecer muito por conta do sistema imunológico mais frágil ou muito mais ágil e assim não conseguem aproveitar todas as substâncias para seu desenvolvimento. O indivíduo pode também apresentar obesidade ou algum transtorno alimentar.
“Portanto, aqui entra o tratamento integrativo funcional. Primeiro indico que venham as terapias de base e depois, as de ensino. É importante e precisamos buscar os médicos especialistas, que são integrativos e funcionais, que em trabalho conjunto com o nutricionista, vai favorecer o organismo a funcionar bem para que essa pessoa possa desenvolver todo o potencial dela”, reforça.
Corpo e mente
A abordagem integrativa, frisa Karinna Faro, médica pediatra com abordagem em medicina integrativa e homeopatia, veio para somar e buscar compreender o processo de adoecimento, olhando o indivíduo de forma completa. A prerrogativa é valorizar o que é sentido física e emocionalmente.
Como exemplo, a médica cita, por exemplo, uma criança que esteja enfrentando um problema. É preciso pesquisar o que faz com quem ela sofra, ir mal na escola, ter uma relação difícil com os amiguinhos, ficar doente de maneira cíclica. Avaliar o que é esperado pela idade e o que não é, respeitando todo o contexto em que essa criança está inserida.
Por outro lado, enquanto isso, é necessário também promover a saúde, estimular hábitos saudáveis, garantir que os tijolinhos sejam bem construídos: nutrição, comportamento, desenvolvimento, otimizando redes sinápticas, redes neurológicas, práticas de atividades físicas, sono de qualidade e instruir as famílias mostrando o quanto isso é importante e faz diferença.
“A meu ver, a medicina integrativa busca integrar o corpo e a mente do indivíduo, proporcionando bem-estar e qualidade de vida. É você respeitar a individualidade de cada pessoa. Não podemos tratar doenças, precisamos tratar doentes”, define.