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FÁBIA ELOINA

A importância da Terapia Ocupacional no autismo

FÁBIA ELOINA

Hoje, 2 de abril, é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e um dos tratamentos indicados para quem está dentro do Espectro Autista é o da terapia ocupacional. Uma estimativa mostra que 60% a 70% das crianças com autismo podem apresentar distúrbios de modulação e/ou processamento sensoriais. Isto porque o funcionamento do cérebro no autismo é diferente de uma pessoa neurotípica.

Em algumas áreas o processamento cerebral pode ser mais lento e já em outras muito mais desenvolvidas. Isso pode fazer, por exemplo, que uma criança de 4 anos de idade saiba ler em russo, mas tenha dificuldades para escovar os dentes.

Assim, a terapia ocupacional tem objetivo de melhorar a capacidade do cérebro de processar essas informações sensoriais, fazendo com que a pessoa com autismo consiga manter e desenvolver habilidades do dia a dia para ter autonomia e funcionalidade em ambientes diferentes como na escola e trabalho. Até porque uma das características de quem está no autismo é de a manter rotinas e fazer tudo sempre do mesmo jeito.

Geralmente, quando perdem a previsibilidade, estão em um ambiente novo ou são exposto a novos estímulos sensoriais, podem se desregular apresentando comportamentos de isolamento, repetitivos, automutilação e até mesmo de agressividade. Conseguir preparar essa criança ou adulto no espectro para enfrentar esses momentos desafiadores, mantendo a funcionalidade, vem como uma missão para os terapeutas ocupacionais.

As alterações sensoriais podem fazer com que uma pessoa com autismo tenha dificuldades para “distinguir” informações que, naquele momento, não são tão importantes. Imagine você no trabalho tendo que lidar ao mesmo tempo com um barulho no corredor, o chefe abrindo a porta e chamando para uma reunião, o colega conversando com outro ao seu lado, o telefone tocando e o cheiro do café que acabou de ser feito.

Todos nós somos o tempo todo exposto a diversas formas de estímulos, de sensações já conhecidas e outras novas. Porém, para uma pessoa dentro do espectro autista, manter-se funcional diante dessa sobrecarga sensorial é extremamente desafiadora e pode ser que o cheiro do café seja mais importante para aquela pessoa com autismo do que atender o chamamento do chefe para a reunião.

Neste sentido, os terapeutas ocupacionais são imprescindíveis para fazer as intervenções corretas e atingir o sistema sensorial da pessoa para ajudar nessas situações rotineiras, tornando-a mais organizada e regulada. O trabalho também passa pela identificação dos déficits do processamento sensorial, entendendo se o ambiente está sub estimulando ou super estimulando essa criança, de forma que ela tenha um ambiente propício para o desenvolvimento de suas habilidades.

Assim, tendo qualidade de vida com mais autonomia, autoestima, autoconfiança, autorregulação e interação social. Lembrando que autismo não é doença e entender as necessidades sensoriais deste cérebro que “vê e entende” o mundo apenas sob outra ótica, auxiliando no processo de desenvolvimento das habilidades sensoriais, esse é o nosso papel.

Fábia Eloina é terapeuta ocupacional formada Universidade Federal de São Carlos e diretora técnica Clínica Plenitude.

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