O preço do grão da soja atingiu o menor patamar neste ano, desde de agosto de 2020, em Mato Grosso, e a queda mexe com a rentabilidade e com o planejamento do produtor. Como a comercialização está lenta, os agricultores são pressionados a vender, ainda mais agora que a colheita do milho se aproxima.
Em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, os produtores estão se reinventando para abrir espaço nos armazéns e fazer caixa.
Na propriedade do agricultor Orcival Guimarães, na primeira safra, são plantadas 33 mil hectares de soja. Já na segunda safra são plantados 27 mil hectares de algodão e mais cinco mil de milho. Nos armazéns de Guimarães e de empresas terceirizadas contratadas por ele, são guardadas 20% dos mais de 130 mil toneladas de soja colhida, no início deste ano, em seis propriedades dele.
“Precisamos vender 20% nesse momento, ou mais um pouquinho, mas não acredito que tenha mudança de preço, que vai ficar menor do que a do ano passado”, disse.
O preço da saca está em processo de queda desde o início desse ano. Em 2023, o valor foi cotado na média de R$ 160, no entanto, despencou e chegou a ser ofertada abaixo dos R$ 115, uma desvalorização de 28,5%, portanto, a média do produtor deve cair para cerca de R$ 135.
“É volatilidade de mercado. Tem um excesso de oferta no mundo e baixo consumo. O consumo caiu no mundo, uma recessão mundial dá nisso”, pontuou.
Cerca de 40% da soja colhida em Mato Grosso, na última safra, ainda não foram vendidos. São dez pontos percentuais a menos que no mesmo período do ano passado. Para os agricultores, o problema é que, com a queda do preço da saca da oleaginosa, os produtores têm segurado as comercializações do grão, e a preocupação é que não haja espaço para guardar o milho, que começa a ser colhido em até 30 dias.