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Um caso envolvendo um sacerdote, 34 anos, pároco da Igreja Nossa Senhora de Caravággio, em Primavera do Leste (234 km de Cuiabá) e um artista plástico de Pernambuco, 20 anos, veio à tona na última segunda-feira, 8 de maio, após ambos registrarem boletim de ocorrência, um contra o outro, na Polícia Civil.

O padre acusou o artista de tentativa de extorsão, quando o mesmo pediu R$ 100 mil para não divulgar prints de conversas e vídeos na internet, que comprometem o sacerdote.  Já o artista por sua vez, acusou o padre de importunação sexual.

Segundo narra o jovem no boletim de ocorrência, registrado em Pernambuco, ele foi abordado pelo padre em janeiro desse ano que lhe fez um Pix de R$100, pois teria gostado dos quadros, que ele estava pintando.

Dois dias depois, o padre teria entrado em contato com o jovem por meio de rede social, lhe propondo emprego em sua paróquia na cidade de Mato Grosso, dizendo que o mesmo teria um salário de R$2.500, tiraria sua CNH entre outras promessas.

Após ir morar na casa paroquial, o jovem passou a dormir na cama do padre, mas segundo ele narra, nada aconteceu, pois sempre que o sacerdote passava a mão em suas partes íntimas, ele se levantava e ia dormir na sala. Em determinado tempo o jovem passou a dormir em outro quarto da casa, onde outro jovem (dependente químico) dormia e mesmo assim as investidas do sacerdote continuavam.

Ao perceber que não teria nenhuma oportunidade contra o jovem, o padre que até então o tratava bem, passou a destratá-lo e xingar o pernambucano de vários nomes de baixo calão. Em conversas por mensagens de aplicativo de texto, o padre xingou o artista e a gravação acabou vazando, segundo ele, não sabe como.

Como já havia dado entrada em sua carteira de habilitação, faltava apenas a prova prática, quando foi surpreendido pelo padre com sua passagem de volta para casa, em Pernambuco. Conforme o jovem, o padre lhe disse que ele precisava ir embora. Ele retornou ao seu estado no dia 24 de abril.

Ele contou aos policiais ainda que todo o trabalho realizado por ele foi “informal” e que o sacerdote chegou a fazer um instrumento particular de acordo extrajudicial, a qual uma das cláusulas informava o valor de R$ 30 mil para que o artista não cobrasse futuramente valores e/ou realizar exposição do padre com mensagens, áudios e afins.

Ainda conforme o documento, o jovem aceitou sair de seu estado e vir para Mato Grosso, pois tinha o sonho e o desejo de pagar os exames de seu filho, com autismo e fazer cursos de tatuagem e tirar a carteira de habilitação. O artista disse que não sabe muita coisa a respeito da vida pessoal do sacerdote, apenas que ele administra a Paróquia Igreja Nossa Senhora do Caravággio, localizada em Primavera do Leste.

O jovem disse que chegou a contar seu caso para o bispo da cidade, por telefone, mas foi bloqueado pelo mesmo, sem ter nenhuma resposta. Ele só ficou sabendo que havia um boletim em seu desfavor por extorsão e ameaça após o advogado do sacerdote entrar em contato com ele.

A ocorrência registada pelo sacerdote, diz que recebeu mensagens e áudios, do jovem dizendo que ele havia criado um grupo no WhatsApp com algumas pessoas e que ele divulgou neste determinado grupo, fotos, vídeos, e áudios que degrinem a sua imagem, e para que tal fato não se tornasse público, o padre teria que pagar o valor de R$100 mil.

Ainda no registro feito pelo padre, ele exigiu que lhe fossem enviados os supostos vídeos e áudios, uma vez que inexiste qualquer documento ou arquivo autorizado a sua divulgação, comunicando ainda que não efetuaria o pagamento, realizando então o bloqueio do número do telefone.

O jovem então entrou em contato com o bispo pedindo o valor de R$ 20 mil para não divulgar algumas imagens, áudios e vídeos do pároco, o bispo solicitou que artista lhe enviasse estes supostos vídeos, imagens e áudios do denunciante, o que foi prontamente recusado, informando que somente realizaria o envio após o pagamento dos valores.

Não havendo êxito, o jovem ainda tentou negociar outros valores, chegando ao montante de R$ 30 mil, o que foi prontamente recusado, tanto pelo bispo, quanto pelo padre. Em seguida, o boletim de ocorrência foi registrado.

Uma nota divulgada pela Diocese de Primavera do Leste, informa que o padre envolvido no caso, está suspenso de suas atividades paroquianas até que a verdade seja esclarecida.

Segundo a nota, as atividades na Paróquia Nossa Senhora de Caravággio seguem normalmente.