DA CNN BRASIL
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou, nesta sexta-feira (23), na cúpula do Novo Pacto de Financiamento Global, promovida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris.
Diante de lideranças políticas do mundo inteiro, Lula voltou a falar sobre a carta enviada pela União Europeia ao Mercosul, que, segundo ele, faz “ameaça a um parceiro estratégico”.
“Eu estou doido para fazer um acordo com a UE, mas não é possível a carta adicional que foi feita. Não permite que faça um acordo”, disse.
“Nós vamos fazer uma resposta. Não é possível que nós temos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaça a um parceiro estratégico”, acrescentou.
Trata-se do adendo da UE ao acordo entre os dois blocos, anexando compromissos de sustentabilidade e mudanças climáticas e introduzindo penalidades para as nações que não cumprirem as metas climáticas traçadas no Acordo de Paris de 2015.
Em coletiva de imprensa na Itália na quinta-feira (22), Lula também criticou a proposta “inaceitável” da União Europeia de punir países do Mercosul que não cumprirem metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
“A Carta Adicional que a União Europeia mandou ao Mercosul é inaceitável porque eles colocam punição a qualquer país que não cumprir o Acordo de Paris, quando nem eles cumpriram”, disse o presidente.
No início do mês, quando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esteve no Brasil, Lula sinalizou preocupações com instrumentos adicionais ao acordo com a União Europeia que aumentam as obrigações do país e impõem sanções em caso de descumprimento.
“Expus à presidente Van Der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e as torna objeto de sanções em caso de descumprimento”.
“A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções”, acrescentou.
Na ocasião, Ursula declarou que ambos acreditam que é chegada a hora de concluir o acordo, que está em discussão desde 1999 e foi assinado em 2019, mas ainda necessita da ratificação dos países.