FONTE UOL
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Flamengo e Palmeiras, os dois maiores rivais atuais do futebol brasileiro, decidiram unir forças. E seguir pelo mesmo perigoso caminho o da censura, impedir seus jogadores e a Comissão Técnica de falar com a imprensa como forma de protesto.
Não se importando com advertências, multas de até R$ 500 mil, impedimento de registros de novos atletas e até perda de pontos ou eliminação de uma competição.
Mostram-se acima do regulamento e dispostos a enfrentar o STJD, se for preciso. Suas diretorias duvidam que sofrerão punições mais sérias pela lei do silêncio.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, decidiu: ninguém daria entrevista após a partida contra o São Paulo na semana passada, pela Copa do Brasil. E manteve a posição contra o Flamengo, no domingo passado.
Por causa das declarações do auxiliar João Martins, questionando a não expulsão do zagueiro Zé Inaldo, que deu uma cotovelada maldosa em Endrick, a um minuto e meio de jogo contra o Athletico Paranaense.
Ele disse que havia interesses “do sistema” para que o Palmeiras não fosse campeão brasileiro novamente.
De nada adiantou o chefe do Comitê de Arbitragem, Wilson Luiz Seneme, ter afastado o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima pelo erro.
A lei do silêncio continuou no Palmeiras.
A direção do Flamengo primeiro ironizou a postura do clube paulista. Encarou como forma de pressionar os árbitros. E, ontem, decidiu fazer a mesma coisa, depois de o VAR anular um gol de Gabigol cujas imagens divulgadas no telão do próprio estádio pareciam confirmar a legalidade.
A TV Globo tem o direito tanto do Campeonato Brasileiro como o da Copa do Brasil. E há o acordo contratual de que, antes das partidas, os treinadores precisam dar entrevistas rápidas. No intervalo, um jogador de cada equipe fala. Também respondendo no máximo a duas perguntas. Após a partida, também, um só atleta de cada time fala.
Para os demais veículos, há a coletiva de imprensa do técnico. E também a zona mista, pela qual deveriam passar todos os jogadores e na qual estariam livres as entrevistas. A CBF também pôs a obrigação de entrevistas no regulamento do Brasileiro.
A coletiva após a partida é obrigatória, decreta o Regulamento Geral das Competições 2023.
Art. 119: A coletiva de imprensa após o fim da partida é obrigatória. O parágrafo 1º impõe que a coletiva tem de começar até 30 minutos depois do jogo.
As sanções administrativas estão no artigo 134. Primeiro, advertência. Segundo, multa pecuniária administrativa, até R$ 500 mil.
Terceiro, proibição de inscrição de novos atletas para as competições.
E, quarto, perda de pontos.
Quem vai determinar a punição é o STJD.
Na fria leitura da legislação, o Palmeiras já deveria ter sido advertido e multado, pelo silêncio contra o São Paulo e o Flamengo. E o Flamengo, advertido por ontem.
Mas nada aconteceu.