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SEGUNDO IPCA

Inflação sobe 0,23% em agosto, puxada pela alta da energia elétrica, diz IBGE

MARCELLO CASAL JR. / AGÊNCIA BRASIL

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,23% em agosto após avançar 0,12% em julho, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira. O principal impacto sobre a inflação foi o aumento da conta de energia elétrica residencial, com o fim do “Bônus Itaipu”, desconto especial aplicado na conta de luz dos consumidores em julho.

A mediana das projeções de 36 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data sobre o IPCA era de 0,29%.
No ano, o IPCA acumula alta de 3,23%

Nos últimos 12 meses, o índice de preços acumula avanço de 4,61% em agosto, após os 3,99% registrados em julho.
Em agosto de 2022, ocorreu deflação de 0,36%. A prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA-15, havia registrado alta de 0,28% em agosto.

Já é esperado que o índice em 12 meses volte a demonstrar força. Isso ocorre pela base de comparação fraca do ano passado, quando o IPCA teve deflação por causa da isenção de tributos de combustíveis, energia e telecomunicações às vésperas das eleições presidenciais.

A trajetória do acumulado em 12 meses vinha de desaceleração até junho desse ano. A partir do momento em que começamos a substituir aquelas deflações de julho e agosto do ano passado no acumulado de 12 meses, ele acelerou tanto no mês passado quanto na passagem de julho para agosto — destaca o gerente da pesquisa André Filipe Guedes de Almeida.

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O resultado do IPCA em 12 meses ficou acima do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC) de 3,25% para 2023, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta no mês de agosto. O maior impacto positivo (0,17 ponto perventual) e a maior variação (1,11%) vieram de Habitação. Destacam-se, ainda, as altas de Saúde e cuidados pessoais (0,58%) e Transportes (0,34%).

No lado das quedas, o grupo Alimentação e bebidas caiu pelo terceiro mês consecutivo (-0,85%). Os demais grupos ficaram entre o -0,09% de Comunicação e o 0,69% de Educação.

Alta da energia elétrica

No grupo Habitação, a maior contribuição para o avanço do IPCA veio da energia elétrica residencial (4,59%), influenciada pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu creditado nas faturas.

Além disso, reajustes foram aplicados em quatro áreas: Vitória (9,64%), onde o reajuste de 3,20% teve vigência a partir de 7 de agosto; Belém (8,84%), com reajuste de 9,40% a partir de 15 de agosto; São Luís (7,03%), com reajuste de 10,43% com vigência a partir de 28 de agosto; e São Paulo (3,94%), onde o reajuste de -1,13% foi aplicado a partir de 4 de julho, em uma das concessionárias pesquisadas.

O que mais influenciou o índice no mês de agosto foi a energia elétrica residencial. Tivemos o fim da incorporação do bônus de Itaipu, que havia sido creditado nas faturas emitidas no mês passado — disse Almeida.

No caso de Saúde e cuidados pessoais, a aceleração deve-se ao resultado dos itens de higiene pessoal, que passaram de -0,37% em julho para 0,81% em agosto. Houve alta nos preços dos produtos para pele (4,50%) e dos perfumes (1,57%).

No grupo dos Transportes, destacam-se as altas do automóvel novo (1,71%) e da gasolina (1,24%). Em relação aos demais combustíveis (0,87%), o óleo diesel subiu 8,54%, enquanto o etanol (-4,26%) e o gás veicular (-0,72%) caíram. Após a alta de 4,97% em julho, as passagens aéreas registraram queda de 11,69% em agosto.

Alimentação cai

A queda do grupo Alimentação e bebidas foi influenciada pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,26%). Ocorreram quedas nos preços da batata-inglesa (-12,92%), do feijão-carioca (-8,27%), do tomate (-7,91%), do leite longa vida (-3,35%), do frango em pedaços (-2,57%) e das carnes (-1,90%).

No lado das altas, o arroz (1,14%) e as frutas (0,49%) subiram de preço, com destaque para o limão (51,11%) e para a banana-d’água (4,90%).

 Essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercado De maneira geral, a gente observa questões de uma maior oferta nessa época do ano, quando as temperaturas são mais amenas. Esses fatores climáticos acabam contribuindo também para aumentar a produção — explica Almeida.

Segundo o IBGE, nos últimos três meses, a alimentação em domicílio apresenta queda acumulada de 3,02%. O grupo alimentação e bebidas tem baixa de 1,96% no mesmo período.

A alimentação fora do domicílio (0,22%) registrou variação próxima à do mês anterior (0,21%), devido ao avanço do lanche (0,30%) e da refeição (0,18%). Em julho, as variações desses subitens haviam sido de 0,49% e 0,15%, respectivamente.

Segundo o IBGE, o índice geral de difusão ficou em 53% em agosto, sendo que de gêneros alimentícios somou 43% e não alimentícios, 61%. Em julho, de forma geral, ficou em 46%, com o índice dos alimentos em 38% e não alimento, de 53%.

Gasolina sobe 13% no ano

Segundo o IBGE, o preço da gasolina subiu 13,02% em 2023, até agosto, respondendo por 0,60 ponto percentual da taxa de 3,23% do IPCA acumulado em 2023.

Os outros itens com maior impacto para a inflação no ano foram o emplacamento e licença de veículos (13,64% e 0,34 ponto percentual), planos de saúde (8,24% e 0,31 ponto percentual), energia elétrica (7,35% e 0,29 ponto percentual) e ensino fundamental (10,63% e 0,15 ponto percentual).

Veja o resultado dos grupos do IPCA:
Alimentação e bebidas: -0,85%
Habitação: 1,11%
Artigos de residência: -0,04%
Vestuário: 0,54%
Transportes: 0,34%
Saúde e cuidados pessoais: 0,58%
Despesas pessoais: 0,38%
Educação: 0,69%
Comunicação: -0,09%

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