LOVANI GORETI ZERWES
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Os clientes da Unimed de Cuiabá e região foram surpreendidos, este ano, com a notícia de que a operadora está numa situação financeira grave. Esta informação deixou profissionais cooperados da entidade, usuários do plano e, todo “time” da empresa preocupados. A situação está no holofote da Agência Nacional de Saúde (ANS), órgão regulamentador das operadoras de planos de saúde, que decretou Direção Fiscal para acompanhar as decisões da atual gestão, mas principalmente, garantir que os usuários não sejam prejudicados.
No entanto, o cenário da operadora em questão, não está muito diferente do restante do mercado de planos de saúde que vive seu pior momento. Em 2022 houve o maior prejuízo operacional já registrado desde que o mercado de saúde privada foi implantado no Brasil. E claro, quem sente os percalços dessa situação é o consumidor.
E quem utiliza os serviços são os mais impactados por vários fatores e, ainda pagam reajustes altos. Em alguns casos, o aumento chega a 23%. Tudo isso, mais a atualização da tarifa por idade. Para muitas famílias começou a ficar difícil manter um plano de saúde razoável no orçamento.
Mas, infelizmente, um dos impactos nesse cenário tão ruim, ainda são as fraudes. De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), elas representam em torno de 19%, ou seja, cerca de R$ 27 milhões do orçamento da saúde privada está se esvaindo em fraudes.
De acordo com os dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), apenas no 1º semestre de 2021, os valores de fraudes comprovadas chegam a R$ 349,3 milhões. Em 2022, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), por sua vez, denunciou um esquema que movimentou mais de R$ 40 milhões baseado em empresas de fachada, “beneficiários-laranjas” e até falsos prestadores de serviços médicos.
Aliado a isso, inclui-se ainda novos custos assistenciais nos planos de saúde advindos de tecnologias novas e tratamentos médicos cada vez mais avançados. Isto aumenta as solicitações de procedimentos obrigatórios ou deixam margem para que sejam cumpridos, sem que a operadora tenha muito como prever frequência e custos destes procedimentos, de forma antecipada.
Mas afinal, o que você consumidor e profissional tem a ver com isso? Você que não frauda, é atingido no bolso e na experiência: planos de saúde mais caros, processos de liberação de procedimentos burocráticos, pagamentos aos prestadores de serviço e reembolsos aos usuários que se tornam cada vez mais morosos. A demora de resposta em qualquer outra demanda está cada vez maior em função do enxugamento dos custos.
Uso consciente também abre espaço para descontos no seu plano, mesmo em cenários ruins como este. Nessa hora é importante ter profissionais que te auxiliem na dinâmica da regulamentação como um todo. É importante ter a orientação para que se tenha um plano de saúde que caiba no orçamento e, também, para auxiliar no trâmite junto às operadoras.
*Lovani Goreti Zerwes Silva é head de Seguros e Saúde da Ouro Seguros e Investimentos