DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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As queimadas no Pantanal mato-grossense foram discutidas na Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (23). Este ano, o fogo está consumindo, principalmente, a região do Parque Estadual Encontro das Águas, que é refúgio das onças-pintadas, localizada entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço.
O assunto foi discutido em audiência pública requerida pelo deputado Lúdio Cabral (PT). Segundo parlamentar, o debate foi necessário em função da recorrência de incêndios no Pantanal, ocorridos no segundo semestre de 2023, especialmente no mês de novembro.
“Precisamos adotar medidas concretas e efetivas à conservação desse bioma. O fogo está colocando em risco toda a sua biodiversidade”, disse Cabral.
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O secretário-executivo de Gestão de Combate ao Fogo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, coronel BM Décio Santos, afirmou que o governador Mauro Mendes já investiu cerca de R$ 77 milhões em ações voltadas ao combate ao desmatamento e incêndios em Mato Grosso.
“São sete linhas de ações. Por isso, é injusto ouvir que nada tem sido feito pelo governo. Que Mato Grosso trata como “dois pantanais”: o do sul e do norte. É chato ouvir que o Corpo de Bombeiros Militar recusa auxilio federal. Hoje, estamos mais na fase de ouvir, para que o plano de ação para 2024 seja construído dentro de um direcionamento estratégico integrado”, disse Santos.
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, disse que a situação de 2023 é melhor do que foi em 2020, em relação aos incêndios ocorridos no Pantanal de mato-grossense.
“O trabalho que foi feito e as chuvas que caíram nos últimos dias na região contribuíram para debelar os principais focos de incêndio. Mas o relato que tenho é que o incêndio ainda acontece, mas bem menos. Hoje, o fogo é mais em áreas subterrâneas. Mas infelizmente tivemos mais 1,3 milhão de hectares queimados no Pantanal. Por isso, os trabalhos de prevenção têm que ser com antecedência”, disse Pires.
A fundadora do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD), Carla Grassi, afirmou que os voluntários estão há mais de 40 dias na região. Segundo ela, o GRAD fez contatos e solicitou apoio às autoridades estaduais para combater o incêndio na região. Mas o estrago foi inevitável à vida silvestre da região pantaneira.
“A situação do local é devastadora. Em questão de prevenção e manejo de fauna, a gente não vê praticamente nada que tivesse sido feito, que tenha sido efetivado e saído do papel. É uma situação básica que deveria ser feita, algo de planejamento real para a fauna”, afirmou Grassi.
Ela disse que hoje o foco de trabalho do GRAD é junto aos animais que são vítimas invisíveis dos incêndios. “Infelizmente, para alguns órgãos do governo estadual, parece só quando a onça-pintada é atingida diretamente (queimada), que o impacto sobre a fauna vai ser reconhecido. A fauna está sendo muito impactada. Não vejo um órgão do estado realizando algum tipo de trabalho de campo, nem antes dos incêndios e nem agora”, disse Grassi.
A diretora operacional do Corpo de Bombeiros, coronel Vivian Rizziolli, disse que nos últimos anos o governo vem investindo em ações de combate a incêndios em Mato Grosso. Segundo ela, a corporação militar vem realizando operações conjuntas com ICMBio e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para ‘mitigar’ os incêndios florestais.
“A região do Pantanal é de difícil acesso. As ações têm sido feitas por meio de helicópteros, porque o acesso é ruim. Por isso, tememos pela segurança de nossos militares em campo. A estrutura no local é robusta. Há 120 militares distribuídos em toda área do Pantanal, com cinco aeronaves, quatro helicópteros e 11 embarcações”, descreveu.
A superintendente do Ibama, Cibele Madalena, afirmou que o órgão criou em 2023 um programa de combate a incêndios florestais no Pantanal mato-grossense. Para execução das ações, o órgão contratou 301 brigadistas, que foram distribuídas em 13 brigadas (sendo 11 indígenas). “Em combate temos 74 brigadistas do Ibama e 60 do ICMBio. Estamos atuando em duas frentes”, disse Madalena.
Em 2020, segundo o coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Militar, Paulo Barroso, pelo menos 17 milhões de animais vertebrados e mais de quatro bilhões de invertebrados foram atingidos pelo fogo no Pantanal e o dispêndio com operações de combate às queimadas chegou a cifra de R$ 200 milhões.
O diretor da Ecoa, Alcides Faria, afirmou que a medição feita pela Marinha do Brasil, em 2023, apontou que o nível do rio Paraguai está cerca de 30 a 40 cm mais baixo do que em 2022, na divisa dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Hoje, em Forte Coimbra, na jusante de Corumbá (MS), o rio está com menos 82 centímetros. Esse é um indicador de que há menor extensão do Pantanal ocupado por água, então há maior possibilidade de fogo”, alertou Faria.