EDSON MENDES
[email protected]
As discussões ambientais da 28ª Conferência do Clima da ONU (COP28) cheiram a hipocrisia: países que degradam cada vez mais o Meio Ambiente, discutindo metas que pouco se esforçam para seguir e apontando dedos a quem verdadeiramente une a vocação produtiva com o dever de preservação, nós.
A contradição da conferência já se inicia na escolha por seu anfitrião. Os Emirados Árabes Unidos é um dos países que têm o petróleo e o gás natural como fontes primordiais para seu desenvolvimento e manutenção. A geração dos dois emite gás carbônico (CO2), o maior responsável pela atual situação climática.
Com uma população de 9 milhões de habitantes, os Emirados Árabes emitiram 237 milhões de toneladas de CO2 em 2021. Ele não está entre os mais poluentes, em valores absolutos, mas tem uma poluição expressiva quando comparado à sua população.
Mas não é só isso, a confederação deixa claro que pretende aumentar sua produção de petróleo pelos próximos anos. O sultão Ahmed Al-Jaber, presidente da COP28, discursou que não há provas científicas que a redução do uso dos combustíveis fósseis vá contribuir para a meta de restringir o aquecimento global a 1,5ºC.
E mesmo aumentando sua produção de petróleo a cada ano, não é os Emirados Árabes – ou qualquer outro país poluidor – que recebe embargos. Essa penalização é aplicada a nós, que temos uma das mais rigorosas – se não a maior – política ambiental do mundo.
Referência internacional em geração de energia limpa e renovável, o Brasil continua apanhando e sendo alvo de políticas e embargos, que impactam a economia nacional.
O governador Mauro Mendes foi cristalino ao abordar o tema durante o evento realizado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), no âmbito da COP28: se o Brasil é responsável por apenas 3% da emissão de gases de efeito estufa, os outros países precisam se esforçar mais que o nosso, principalmente em relação à matriz energética.
O esforço do Brasil já é maior que a geração de energia limpa e renovável, produtores brasileiros lutam diariamente para produzir de forma sustentável, com preservação das florestas nativas, mas isso não recebe o devido reconhecimento. O que se tem é a perseguição por parte daqueles que sequer têm florestas protegidas como em nosso país.
Há mais de 10 anos, os produtores mato-grossenses, e de outros estados, sofrem com a Moratória da Soja, norma instituída pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que proíbe seus associados de comprar soja produzida em área desmatada a partir de 2008.
Pode parecer interessante a ideia, quando vista de fora, mas não é e sequer segue os rígidos protocolos do Código Florestal Brasileiro, formulado por especialistas renomados e que autoriza a produção em 20% do território, garantindo a preservação ao Meio Ambiente e movimentando a economia. A moratória, que também atinge a produção de carne, não leva em consideração que o desmate só é feito dentro da legalidade.
Derrubar os embargos da moratória da soja não deve ser uma luta apenas dos produtores, mas de toda a sociedade, inclusive dos ambientalistas, que estão a todo momento atacando o agro. Afinal, fazer cumprir as leis ambientais é interesse de todos, já que o desmate ilegal prejudica ambos os lados.
Tentam nos colocar como adversários a todo custo, mas estamos todos do mesmo lado: queremos produzir com toda nossa capacidade e dentro da legislação. Até porque, violar as normas não nos impactaria apenas em multas, mas na morte de nossas terras e incapacidade de voltar a produzir.
Nós sabemos disso e precisamos que a sociedade também entenda, para que não caia nesse argumento barato e mentiroso de que queremos acabar com as florestas para plantar soja e criar gado. Sem a Amazônia, não existe produção!
O agro cria empregos, movimenta a economia, cria novos negócios e proporciona impostos ao Estado, fundamentais para manutenção dos serviços, como escolas, hospitais, segurança pública e, inclusive, recursos para financiar projetos das mesmas ONGs que tanto nos atacam.
A maior hipocrisia dos ambientalistas é atacar os de casa, que querem produzir de forma sustentável, e aplaudir nações, que sequer cuidam de seus biomas ou de seus cidadãos.
EDSON MENDES é suplente de deputado estadual por Mato Grosso; graduado em Engenharia Florestal pela UFMT, com pós-graduação em Cadastro Técnico de Atividades Potencialmente Poluidoras (CTF/APP), promovido pela FrancoAmb; curso de Capacitação para o Cadastro Ambiental Rural (CapCAR), pela UF de Lavras; e MBA em Gestão Estratégica do Agronegócio pela Faculdade Invest de Ciências e Tecnologia; e representa grandes grupos do agronegócio, de Mato Grosso e outros estados