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LUIS CLAUDIO

Portão do Inferno: Mais resolução e menos discurso

LUIS CLAUDIO

A responsabilidade pela manutenção do Portão do Inferno, trecho que está desabando na rodovia Emanuel Pinheiro, sentido Cuiabá a Chapada dos Guimarães precisa sair das discussões e acusações, entre o governo e o Instituto Chico Mendes para a Conservação da biodiversidade (ICMBIO), para a efetivação de ações, que evitem mais uma tragédia nacional.

A rodovia é estadual e sua manutenção tem que ser feita pelo governo do estado. No entanto, o pano de fundo revela interesses escusos dos “barões” da mineração que passaram atuar na região, bem próximo dos paredões do Portão do Inferno. A degradação ambiental passa despercebida aos olhos do governo, que já foi alertado para os riscos ambientais da mineração, que está a todo vapor, no entorno do parque.

O que motiva o governador fazer vistas grossas a esse crime ambiental que está danificando os paredões da Chapada dos Guimarães? Porque o interesse do Estado em administrar o parque nacional transformando em uma área estadual, justamente nas imediações das riquezas naturais existentes naquela região? De forma irresponsável, o governo trata a situação como rixa do ICMBIO que impede obras de recuperação do Portão do Inferno neste momento crucial que poderá ceivar vidas humanas.

O governo alega entraves do ICMBIO para fazer obras no local e o ICMBIO aguarda projetos do Executivo para liberar a área em questão. Enquanto isso, a população vive tensa na expectativa de ser esmagada por uma rocha que pode cair sobre a rodovia a qualquer momento.

O ponto da discórdia faz parte do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães é administrado pelo ICMBIO e qualquer ação do governo e do município só acontece com autorização do instituto.

A tragédia está anunciada, como ocorreu a queda de uma rocha no Lago de Furnas, em Minas Gerais, em 2022, na região de Capitólio e que matou vários turistas, durante passeio de barco na região.

A situação do Portão do Inferno é quase a mesma de Capitólio, onde um grande número de turistas, não imaginavam até pouco tempo, que os primeiros deslizamentos de arenitos sobre a MT-251, se tornariam uma preocupação no único acesso da rodovia para se chegar a cidade de Chapada dos Guimarães.

Desde o final do ano passado, a MT-251 tem sido utilizada em meia pista para carros pequenos, sendo interrompida quando há chuva. O local está controlado e sinalizado pelos agentes da defesa civil estadual e policiais militares, mas o risco é iminente, quando o trânsito é liberado por um lado da pista. Além da rocha de arenito que sustenta uma ponte de concreto a mais de 70 metros de altura, fatalmente vai descer abismo abaixo num curto espaço de tempo, segundo avaliação dos técnicos que estão à espera do fim desse debate entre o governo e o ICMBIO.

Desastres naturais sempre vão ocorrer, mas quando o homem ocupa os espaços da natureza deve sempre lembrar dos riscos existentes em lugares icônicos, como os abismos onde as rodovias são construídas.

Além das estradas em montanhas, as cidades também são afetadas pela ação da natureza ao longo do tempo, principalmente nos períodos chuvosos. Quem não lembra dos recentes deslizamentos de terras numa rodovia do município serrano de São Sebastião (SP), em 2022, Petrópolis (RJ), Santa Catarina, Espírito Santo entre outros.

As tragédias passadas servem para um aprendizado que pode salvar vidas. No caso do Portão do Inferno, a natureza já deu a dica.

E nessa queda de braço, a dificuldade de acesso à Chapada dos Guimarães começa a refletir de forma negativa na vida dos chapadenses, que dependem do comércio como fonte de renda, além daqueles que sentem a ameaça dos seus empregos diante da morosidade para o consenso de quem realmente deve atuar na gestão de ações para a reconstrução do trecho da rodovia ou alternativa de um novo acesso seguro ao município.

Também é fundamental que o Estado faça uma representação ao Ministério do Meio Ambiente para que seja avaliada a elaboração de um projeto que acabe com o impasse entre os órgãos competentes.

Se faz necessário ações que mantenham a conservação e proteção do meio ambiente e a prevenção de acidentes que evitem mortes no Portão do Inferno. Esse impasse tem que sair do debate para a realidade.

Luis Claudio é vereador em Cuiabá

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