EDSON MENDES
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O tempo de estiagem se aproxima e cresce a preocupação para todos nós que moramos no Estado de Mato Grosso, Brasil. É neste período também que aumentam os números de queimadas e, consequentemente, agravam as questões de saúde da população, em especial crianças e idosos, que mais sofrem com problemas respiratórios. Nesse contexto, além das ações de combate aos incêndios realizadas por nossos bombeiros, é fundamental que se dissemine a importância da gestão do fogo.
São várias as ações possíveis. A mais comum e talvez mais eficaz é a construção de aceiros. Trata-se de faixas limpas de vegetação, com manutenção regular, para evitar o acúmulo de materiais que possam alimentar o fogo, como folhas secas e galhos.
O aceiro serve como uma proteção para florestas, plantações e áreas de preservação. Se as ações de prevenção a incêndios falharem em algum momento e o fogo surgir, os aceiros impedem que ele chegue às florestas, áreas de preservação e plantações. Eles agem como uma barreira.
Embora simples, o aceiro requer cuidado. O Comitê Estadual de Gestão de Fogo (CEGF), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) do Estado de Mato Grosso, em sua Nota Técnica 01/2022, estipula que os aceiros devem ter três metros de largura, sendo preferencialmente do tipo raspado, para permitir o trânsito de veículos leves (caminhonetes 4×4) e tratores de pequeno porte. Essa largura pode ser expandida até o dobro, a depender das condições ambientais e áreas a serem protegidas do fogo.
É importante destacar que o aceiro não é uma solução, mas uma ferramenta de combate. Detectar precocemente os incêndios e agir para combatê-los de forma estratégica e organizada é fundamental para seu extermínio.
Para este período, não bastam as boas intenções. O produtor precisa desde já planejar as ações e os recursos a serem empregados, como o treinamento dos profissionais que farão esse combate e a comunicação a ser exercida durante o período. Como uma sinfonia, a gestão do fogo precisa estar em harmonia para ser exitosa. Afinal, sem essa organização, o que seria a solução, pode se tornar um problema.
Essa organização permite a tomada de decisões eficazes. Sim! No momento em que o incêndio surgir, não basta enviar todos os homens para jogar água. É preciso avaliar, refletir, ponderar os aspectos do incêndio e determinar a estratégia que será adotada. Erros comuns, como subestimar a gravidade do incêndio ou não evacuar as áreas a tempo, podem resultar em danos maiores e até mesmo custar vidas.
A gestão do fogo não é feita apenas de aceiros, mas deve ser encarada como algo permanente e preventivo, a ser trabalhado durante todo o ano. Períodos com menos ocorrência de incêndio permitem a capacitação da equipe, o planejamento das ações e os eventuais ajustes a serem implementados.
Do poder público, espera-se que haja pesquisas, disponibilização de dados atualizados e campanhas de conscientização. A ação humana ainda é responsável por parte significativa dos incêndios, e reverter esse cenário é primordial.
O fogo pode ser um grande aliado ao ecossistema, principalmente no Cerrado, presente em nosso Estado. Mas também pode causar catástrofes, quando não gerido corretamente.
Grandes incêndios destroem lavouras, florestas e áreas de preservação. Incineram não só a flora, mas também a fauna, como a grande tragédia que se abateu no Pantanal mato-grossense nos últimos anos. Além de destruir a natureza, sua fumaça, levada pelos ventos, pode chegar até às cidades, poluindo o ar e acarretando internações hospitalares e até mesmo a morte.
Gestão do fogo é assunto sério e deve ser tratado como tal!
EDSON MENDES é engenheiro florestal de Mato Grosso e suplente de deputado estadual do PL. Fundador do escritório Mendes & Freitas, Edson é um dos consultores mais requisitados do país. Sua empresa atende a grandes grupos, todos voltados ao ramo da agropecuária, provendo o cuidado que o meio ambiente requer e merece.