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ANA BARROS

A Crise de imagem do Carrefour: o papel da assessoria de imprensa em momentos de turbulência

ANA BARROS

A recente declaração de Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, de que a rede deixará de comercializar carne proveniente do Mercosul, gerou uma onda de reações que trouxe à tona um cenário de crise entre a gigante do varejo e o agronegócio brasileiro. Em momentos como este, a atuação de profissionais de comunicação é crucial para minimizar danos e preservar a reputação da marca.

A declaração e suas consequências

Ao afirmar que o Carrefour não comercializará mais carne dos países do Mercosul, Bompard tocou em uma questão sensível para o agronegócio brasileiro. A resposta não demorou: frigoríficos como JBS e Masterboi suspenderam o fornecimento de carne à rede. Além disso, 44 associações ligadas ao setor agropecuário assinaram uma carta aberta criticando a decisão, destacando avanços do setor em produtividade e sustentabilidade, e acusando a empresa de protecionismo.

Essa reação coordenada gerou um impasse que, se não tratado de forma estratégica, pode trazer prejuízos tanto financeiros quanto de imagem para o Carrefour.

A importância da assessoria de imprensa

Em situações de crise, como a enfrentada pelo Carrefour, a assessoria de imprensa assume um papel central na construção de estratégias de comunicação para mitigar os impactos. Aqui estão algumas ações que a assessoria pode tomar para “apagar o fogo”:

1. Diálogo com os stakeholders:

É essencial estabelecer uma comunicação transparente com todos os envolvidos — consumidores, fornecedores, governo e associações do setor. Uma carta pública explicando o posicionamento e mostrando abertura ao diálogo pode amenizar as críticas.

2. Cuidado com o tom:

A resposta deve evitar parecer hostil ou defensiva. Em vez disso, deve destacar compromissos com práticas sustentáveis e o desejo de construir soluções conjuntas.

3. Investimento em narrativas positivas:

Demonstrar que a decisão está embasada em valores da marca, como sustentabilidade e responsabilidade social, mas que há abertura para reavaliação mediante avanços concretos do setor.

4. Parceria com especialistas e organizações confiáveis:

A empresa pode se associar a ONGs ou especialistas em sustentabilidade para reforçar a legitimidade de suas preocupações e destacar medidas construtivas.

5. Monitoramento de mídia e redes sociais:

Identificar rapidamente novos ataques ou apoios permite ajustes ágeis na estratégia de comunicação.

A lição para as empresas: comunicação é estratégia

O caso do Carrefour mostra como uma declaração pode rapidamente escalar para uma crise de imagem. Por isso, é imprescindível que empresas de grande porte tenham assessorias de imprensa capacitadas e atuantes. Esses profissionais não apenas lidam com os desdobramentos, mas também ajudam a antecipar possíveis reações negativas e a planejar uma comunicação assertiva e empática.

Além disso, crises como esta reforçam a necessidade de treinamentos regulares para os porta-vozes. Estar preparado para comunicar decisões estratégicas de forma cuidadosa pode evitar mal-entendidos e reduzir resistências.

Conclusão

O cenário atual entre o Carrefour e o agronegócio brasileiro evidencia o impacto de uma comunicação mal gerida e a importância de uma atuação ágil e estratégica da assessoria de imprensa. É um momento de grande desafio para a marca, mas também uma oportunidade para mostrar responsabilidade, dialogar com os setores envolvidos e construir pontes que fortaleçam sua reputação global.

Afinal, em tempos de crise, a comunicação não é apenas uma ferramenta — é a linha que separa o sucesso da falha.

Ana Barros é jornalista, com graduação em mídias digitais e assessoria de imprensa

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  • 25 de novembro de 2024 às 15:22:39