AGENCIA BRASIL
[email protected]
O segundo trimestre de 2020 registrou recorde na redução de 9,6% no número de pessoas ocupadas no Brasil. No total, 8,9 milhões de pessoas perderam seus postos de trabalho de abril a junho, em relação ao período de janeiro a março. Com isso, a população ocupada ficou em 83,3 milhões, o menor nível da série histórica, iniciada em 2012. Na comparação com o mesmo período de 2019, a queda foi de 10,7%.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o primeiro trimestre do ano, a taxa de desocupação subiu 1,1 ponto percentual e fechou o segundo trimestre em 13,3%.
Por outro lado, o número de desocupados ficou estável em 12,8 milhões de pessoas. Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, essa estabilidade na desocupação se explica pela redução da força de trabalho, que soma as pessoas ocupadas e as desocupadas.
“Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Como a força de trabalho sofreu queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”.
A força de trabalho potencial chegou a 13,5 milhões de pessoas, com a entrada de 5,2 milhões de pessoas na categoria. Esse grupo reúne pessoas disponíveis para trabalhar, mas que não se enquadram como ocupados nem como desocupados. Segundo Adriana, motivos ligados à pandemia de covid-19 foram alegados por boa parte das pessoas por não estarem trabalhando.
O nível da ocupação caiu 5,6 pontos percentuais frente ao trimestre anterior, atingindo 47,9%, o menor da série histórica. A população subutilizada cresceu 15,7%, chegando a 29,1%, um total de 31,9 milhões de pessoas. Já a população fora da força de trabalho chegou a 77,8 milhões de pessoas, o maior contingente da série histórica, com crescimento recorde de 15,6%, ou 10,5 milhões de pessoas, na comparação trimestral.
Comércio
Todos os setores analisados pela Pnad Contínua sofreram perdas no número de ocupados. A área mais atingida foi o comércio, onde 2,1 milhões de pessoas perderam suas vagas, uma queda de 12,3% na comparação trimestral. Na categoria alojamento e alimentação, a redução atingiu 1,3 milhão de pessoas, uma queda de 25,2% no setor.
Na construção, foram 1,1 milhão de trabalhadores a menos, o que representa uma redução de 16,6% na ocupação. Em serviços domésticos, a queda chegou a 21,1%, um total de 1,3 milhão de pessoas.
Os desalentados chegaram ao mais alto nível da série histórica – 5,7 milhões de pessoas – um acréscimo de 19,1% em relação ao trimestre anterior. A categoria inclui as pessoas que desistiram de procurar ocupação.
Carteira assinada
O número de postos de trabalho com carteira assinada no setor privado chegou ao mais baixo patamar da série histórica – 30,2 milhões de pessoas empregadas formalmente – uma queda de 8,9%, que corresponde a 2,9 milhões de pessoas.
Os empregadores ficaram em 4 milhões de pessoas, uma queda de 9,8% em relação ao primeiro trimestre de 2020. O grupo de empregados no setor público, incluindo servidores estatutários e militares, chegou a 12,4 milhões, um aumento de 6,1%.
Na categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada a queda foi de 2,4 milhões de pessoas, totalizando 8,6 milhões no trimestre encerrado em junho.Os trabalhadores por conta própria diminuíram 10,3% e somam 21,7 milhões de pessoas, 2,5 milhões a menos do que no primeiro trimestre do ano.
Entre os trabalhadores informais, os empregadores sem CNPJ tiveram queda de 16,9%, totalizando 665 mil pessoas nessa situação. Adriana Beringuy destaca que a queda na informalidade representa 68% da queda total da ocupação no trimestre.
Com menos trabalhadores informais, que tem remunerações menores, o rendimento médio habitual aumentou 4,6% no segundo trimestre, chegando a R$ 2,5 mil, o maior desde o início da série histórica. Por outro lado, com o aumento da desocupação geral, a massa de rendimento real teve redução de 5,6%, com uma perda de R$ 12 bilhões.