O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu nesta quinta-feira (13) um inquérito para investigar os institutos Datafolha, Ipec e Ipespe por inconsistências entre os dados coletados e o resultado final do primeiro turno das eleições. O pedido foi assinado pelo presidente do órgão, Alexandre Macedo, que suspeita de ação coordenada entre as empresas.
Em pesquisas realizadas nos últimos meses, os três institutos colocavam Lula com possibilidade de vitória ainda no primeiro turno. Em outros levantamentos, o petista tinha uma ampla margem de diferença contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nas urnas, entretanto, o resultado foi diferente em relação à porcentagem obtida por Bolsonaro. Enquanto Lula encerrou o pleito de 2 de outubro com 48,4% dos votos, o atual chefe do Planalto obteve 43,2%. As pesquisas apontavam Bolsonaro com intenções de voto entre 31% e 36%.
Para Macedo, as empresas erraram de maneira parecida e podem ter cometido infrações contra à ordem econômica. O presidente do Cade ainda não vê explicação plausível para a diferença nos resultados.
“A jurisprudência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica é pacífica em reconhecer que a existência de indícios de paralelismos de conduta e coincidências de agentes econômicos sem que haja explicação plausível, pode indicar a configuração de infrações à ordem econômica e de acordos colusivos”, disse Macedo em seu despacho.
“Diante da improvável coincidência, especialmente em relação os erros cometidos em um mesmo sentido e idênticos quanto à diferença entre os candidatos, e, ainda, frente a ausência de qualquer racionalidade (pelo menos por hora) que explique o fenômeno, pode-se concluir que há indícios de suposta conduta coordenada ou colusiva e também de efeitos unilaterais por parte dos institutos Ipec, Datafolha e Ipespe, devendo a Superintendência-Geral do Cade instaurar inquérito administrativo para apurar os fatos narrados”, concluiu.
O presidente do Cade ainda coloca em xeque a credibilidade das pesquisas de intenção de voto. Segundo Macedo, a discrepância do resultado com os dados aferidos anterior a data do pleito teve intenção de manipular o mercado e as próprias eleições.
“Com efeito, chamou a atenção deste Conselho a grande diferença apresentada entre as pesquisas e o resultado das Eleições publicado pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE. A discrepância das pesquisas e do resultado é tão grande que verificam-se indícios de que os erros não sejam casuísticos e sim intencionais por meio de uma ação orquestradas dos institutos de pesquisa na forma de cartel para manipular em conjunto o mercado e, em última instância, as eleições”, afirmou.
Em uma das tabelas apresentadas por Alexandre Macedo, mostra os acertos das pesquisas feitas em relação ao candidato Lula (PT). Já em outra, aponta os erros das últimas pesquisas divulgadas por institutos antes do pleito.
Além dos três investigados, Paraná Pesquisas, MDA, Atlas Intel, Futura, Brasmarket, Quaest, Ideia Big Data, Equilíbrio Brasil e FSB também apresentaram inconsistências entre o levantamento e o resultado apurado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Nenhuma delas será investigada pelo Cade.
Segundo o documento, apenas a empresa Veritá teria acertado o resultado de Bolsonaro, considerando a margem de erro.
O iG tentou contato telefônico com Datafolha, Ipec e Ipespe, mas não obteve retorno. As empresas ainda não se pronunciaram publicamente.
Fonte: IG Política