A Black Friday é uma ótima oportunidade para adquirir produtos por um preço menor. É claro que muitas pessoas exageram na hora de encher o carrinho, mas para os compradores compulsivos o problema vai além da fatura do cartão. O psiquiatra especialista em compulsão, Dr. Luiz Guimarães, da Holiste Psiquiatria, explica que quando comprar se torna uma mania, além do prejuízo financeiro, há prejuízo emocional — culpa, vergonha e até pensamentos suicidas — além de poder ser o reflexo de um transtorno de depressão ou ansiedade.
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“O consumo tende a crescer nesta época do ano e há quem perca o controle com a enxurrada de anúncios. Quadros de consumismo podem vir à tona e são normais — quem nunca exagerou nas compras? Contudo, é preciso distinguir uma situação episódica de uma situação repetitiva. A compulsão por compras gera vergonha, ansiedade, culpa, prejuízo no orçamento pessoal ou familiar, e é crônica — ou seja, se repete frequentemente. Muito se fala sobre as dependências químicas — álcool e drogas —, mas essas são apenas algumas das facetas dos comportamentos dependentes”, explica o psiquiatra.
Quando fazer compras se torna um pesadelo?
O médico psiquiatra especialista em compulsão aponta que o sentimento de culpa nos dependentes de compras é tão grande que, após um episódio de consumismo, alguns escondem as sacolas de compras ou sequer tiram do porta-malas para não confrontar os objetos adquiridos — em resumo, as sacolas se tornam um pesadelo para o comprador. A tática também é utilizada para não causar problemas familiares e evitar discussões. Esconder as sacolas pode ser um sintoma importante para descobrir o problema.
“A pessoa pensa o tempo todo naquela experiência e fica presa naquele pensamento intrusivo. Do ponto de vista biológico, ocorre a liberação de substâncias, como a dopamina, no cérebro. O indivíduo não consegue evitar. Assim como em outros comportamentos compulsivos, não existe a satisfação de uma necessidade e nem de um desejo, mas um impulso. A ansiedade antes de comprar se torna arrependimento logo em seguida, esta é uma característica desse quadro. Sem ajuda, o problema pode causar, além de dívidas cada vez maiores, depressão e isolamento social”, conta.
Como diagnosticar um comprador compulsivo?
Nem sempre é fácil diagnosticar a compulsão por compras, sobretudo quando estamos inseridos em uma sociedade que estimula o consumo. No entanto, o psiquiatra Luiz Guimarães resume: “Se você é aquela pessoa que se programa para comprar apenas uma coisa e sai da loja com 10, frequentemente se programa para comprar uma camiseta e volta para casa com sapatos, bolsa, cinto, outras peças que não eram necessárias, e, após a adrenalina das compras, sente uma angústia, um sentimento ruim, talvez você tenha uma compulsão. Assim como o álcool, existe uma ideia de que você tem controle sobre a situação, mas que na prática não acontece”.
Para ajudar a evitar as compras por impulso na Black Friday e nas datas ao longo do ano, como o Natal que se aproxima, o psiquiatra elaborou uma lista de perguntas para se fazer antes de passar o cartão e finalizar as compras:
- Eu estou precisando disso?
- Qual seria a consequência dessa compra imediatamente?
- Qual seria a consequência daqui a 30 ou 60 dias?
- Esta compra está adequada ao meu planejamento financeiro?
“De maneira geral, a pessoa não se percebe como compulsiva, ou até se percebe, mas não busca ajuda. Normalmente, o paciente chega ao tratamento por meio da família ou de pessoas próximas, por isso é importante ficar atento a comportamentos que possam indicar compulsão. É importante procurar um psicólogo ou psiquiatra, até porque pode estar atrelado a transtornos de ansiedade e de depressão”, finaliza.
Fonte: IG Mulher