DA ASSESSORIA
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Aprovado o projeto do vereador de Cuiabá, Fellipe Corrêa (Cidadania) que institui o Dia do Pau-Rodado, a ser comemorado anualmente no dia 10 de novembro. A votação ocorreu na sessão desta quinta (11) e recebeu 10 votos favoráveis e 2 contrários. O projeto, que deve virar lei, busca homenagear aqueles que fizeram da Capital de Mato Grosso sua residência e ajudaram a escrever a história da cidade com seu trabalho.
Em plenário, a debate sobre o tema esteve em torno de questões que passam pela aceitação dos que vieram de fora, migrantes e imigrantes, mas também pela valorização dos cuiabanos “de tchapa”. O presidente da Câmara de Cuiabá, Chico 2000 (PL) aproveitou a discussão do tema para afirmar que “como a grande maioria, sou um pau-rodado e fui muito bem recebido por cuiabanos que me deram oportunidade de viver aqui”.
O vereador Luis Claudio (PP) elogiou a iniciativa que inaugura um debate qualificado dentro do Legislativo Municipal e afirmou que os reflexos na sociedade são de maior compreensão por parte da sociedade cuiabana de sua própria história e sua cultura.
“O termo precisa ganhar um ressignificado, como o vereador Fellipe Correa fala. O cuiabano recebeu muito bem quem veio de fora e eu sempre me senti muito acolhido. Ao homenagear essas pessoas, o senhor homenageia quais vieram para cá, que fizeram da Capital e do Estado, ao lado dos cuiabanos, uma potência econômica. Nada mais justo que essa expressão seja ressignificada e é com muito orgulho que posso dizer que sou pau-rodado”, afirmou Luis Claudio.
Contrária à homenagem aos “paus-rodados” a vereadora Edna Sampaio (PT), afirmou que entende ser um projeto que traria o “apagamento” da cultura local, ao dizer “sou cuiabana, de muitas gerações, e o ‘pau-rodado’ é uma terminologia dos que vieram do Sul para MT e que achavam que os cuiabanos eram preguiçosos e que, por isso, não teriam jornadas extensivas de trabalho e nem acúmulo de riqueza”, declarou.
No entanto, segundo o autor da proposta, a fala da colega é academicamente equivocada e vai à contramão do que ela própria defende ao lutar pela igualdade, porque o trabalho do Legislativo é contribuir para mudanças culturais que tenham impacto positivo no sentido de combater a xenofobia e o racismo. O parlamentar destaca que o termo pau-rodado era usado a alguns anos para se referir a grupos sociais dos mais diversos, tais como nortistas e nordestinos, não especificamente para sulistas.
“Todos esses, de diferentes regiões do país e até de fora que vieram para Cuiabá, contribuíram e contribuem para a construção do que temos de melhor. Mas isso só foi possível porque os cuiabanos, tem um coração grande e souberam acolher, receber, dar oportunidade. É por isso que defendo que a homenagem com a criação do dia do pau-rodado tem a função de ressignificar este termo que por si já é um patrimônio cultural. Agradeço aos colegas que votaram e encararam junto esse debate”, afirmou Fellipe Corrêa.
O termo pau-rodado para se referir aos migrantes, “cuiabanos de coração”, remete à navegação fluvial. O “pau-rodado” é uma metáfora própria da linguagem local, uma referência aos troncos de árvores que descem os rios rodando nas margens até se fixarem em algum trecho dele. A ocupação do território cuiabano por migrantes de outros estados, como os bandeirantes, iniciou pelos rios e com o tempo, o vocábulo pau-rodado passou a ser usado para se referir a todos os que vieram de outros estados e municípios, que fixaram residência em Cuiabá.
A data escolhida, 10 de novembro, é o dia do falecimento de Pascoal Moreira Cabral Leme, que comandou a bandeira que chegou às terras que hoje são de Cuiabá em 1718. Como não há registros conhecidos sobre o nascimento, foi escolhida a data de seu falecimento.
Referência histórica – Entre os anos de 1673 e 1682, se tem registro dos primeiros Bandeirantes paulistas que passaram pela região onde hoje se encontra o município de Cuiabá. No ponto em que o Rio Coxipó deságua no Rio Cuiabá, a bandeira de Manoel de Campus Bicudo fundou o primeiro povoado da região, localidade batizada de São Gonçalo.
Em 1718, chega à região a bandeira do paulistano, Pascoal Moreira Cabral. Ele ajudou a fomentar a corrida pelo ouro na localidade após a descoberta das minas conhecidas como “Lavras do Sutil”. A notícia da descoberta causou grande fluxo migratório para a região.