ALESSANDRA VIEIRA
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Nunca foi tão comum ouvir o termo “propósito” como atualmente. Na era da globalização temos um cenário caótico no mercado de trabalho: de um lado, profissionais sobrecarregados por acúmulo de funções, excesso de informações e submetidos às chefias via aplicativo de mensagens estendendo sua carga de trabalho até o fim da bateria do celular. As notificações não param, nem o cérebro.
Quem dera houvesse políticas públicas sociais para o aprimoramento do capital humano sendo desenvolvidas na mesma intensidade que a tão propalada Inteligência Artificial, a queridinha da vez.
No ritmo frenético para manter-se relevante profissionalmente, antes que se torne descartável pelo mercado formal, muitos profissionais têm procurado notoriedade nas redes sociais buscando o lugar de influenciadores digitais. “Uma terra” onde todos se acham reis, mas poucos conseguem um trono.
O fato é que este mundo virtual tem dinâmica própria, que embora não pareça, revela-se uma pirâmide. Quem chegou primeiro desbravou o terreno árido, fez o solo fértil, cravou bandeira, fixou marca e consolidou seu nome no mercado digital. De 2015 em diante, houve farta ascensão dos influenciadores que tiveram de aprender a nova linguagem e com seus improvisos aprenderam a fazer o novo. Tiveram coragem e do fundo de uma garagem, com um celular velho e suporte improvisado, ousaram.
Como não havia parâmetro do que era ou não relevante, ou perfeito para o mercado, tiveram coragem de ousar e se fizeram atores principais do espetáculo do mundo novo. Alguns até tinham talento, outros pouco ou nenhum. Lembramos alguns nomes, outros continuam gravando nos fundos de garagem.
Enquanto tudo isso acontece, o mercado de trabalho beira o colapso e as redes sociais crescem todos os dias com seus “reis postos” seguidos por milhares de pessoas que não estão tão preocupadas com a qualidade do conteúdo como os patrões formais com a qualidade do trabalho e o excesso de cobranças.
No meio de tudo isso, um ponto de interrogação surge na cabeça da maioria das pessoas que tentam a entrada neste novo mundo sem sucesso. Um vazio sufocante na tentativa de descobrir qual o propósito de vida, qual o seu lugar, qual seu diferencial. Parece que nada faz sentido, tem valor ou relevância. E, na real, a pessoa acaba sem rumo por não saber o que fazer. Ou melhor: o que gosta de fazer e o que acredita ser capaz de fazer, ficando sempre à espera da aprovação do outro.
A pessoa trabalha demais e nunca está satisfeita. Já fez tudo que disseram que tinha que fazer e, mesmo assim, muitas vezes, não experimentou a tal felicidade profissional. Continua amargurada, tensa a todo momento e enfurecida quando ouve alguém dizer que este é o seu “propósito”.
A questão é muito simples: Nos acostumamos tanto com o pavão enfeitado que não o reconhecemos quando estamos diante da simplicidade dele. É isso, enfeitaram o “propósito” para parecer algo mágico e inalcançável, principalmente para quem acredita que precisa buscar por ele. Uma forma bonita para distrair o Ser e dificultar o despertar da consciência para a verdade: o “propósito” não é algo específico a ser encontrado.
Propósito é tudo e está em todo lugar o tempo todo. É o que você é e faz desde sempre sem perceber, por baixo das camadas de crenças e dos condicionamentos que recebeu. Não há o que procurar, apenas relembrar o que você é em essência, antes de se tornar quem te disseram que tinha que ser.
Você já é o propósito!
*Alessandra Vieira é Terapeuta e Facilitadora de Reconexão. @alevieiraeusou. WhatsApp: (65) 99345-0917