Justiça rejeita fim de recuperação do Grupo Bipar para fiscalizar vendas

O exame sobre o fim da recuperação judicial do Grupo Bipar, que pertence ao governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), está momentaneamente postergado. A decisão foi estabelecida porque o grupo está autorizado judicialmente a vender parte de ações que detém sobre 4 redes transmissoras de energia.

A expectativa é arrecadar valor em torno de R$ 80 milhões. O juízo pretende fiscalizar a destinação da verba, algo que estaria prejudicado com o fim do processo de recuperação.

A autorização sobre a venda é necessária para que não haja descumprimento do plano de recuperação. Segundo a Justiça, com o dinheiro arrecadado será possível antecipar, por exemplo, uma parcela balão de R$ 10,8 milhões inicialmente prevista para o ano de 2026.

“Mostra-se, portanto, vantajosa a venda das ações na forma pretendida, não só porque irá capitalizar e fortalecer o caixa das recuperandas, como também porque irá possibilitar a antecipação do pagamento das parcelas balão, conforme compromisso assumido”, afirmou o juízo da Vara de Recuperação.

O exame sobre o fim da recuperação foi adiado pela Justiça para que caso siga sob monitoramento. “Entendo prudente que as devedoras permaneçam em recuperação judicial, possibilitando deste modo a fiscalização da utilização dos recursos da venda dos ativos ora requerida, conforme compromisso feito pelas recuperandas, tudo a ser devidamente comprovado nos autos”.

Pedido pelo fim da recuperação

Mauro Mendes requisitou no dia 3 de setembro de 2018 o encerramento de sua recuperação judicial. Ação foi autorizada em 2015, ocasião em que as empresas acumulavam cerca de R$ 126 milhões em dívidas. O plano para a repactuação dos débitos foi homologado em 2016.

“A recuperação judicial começou há 3 anos e o plano foi homologado há cerca de dois anos. Nesse período, a minha empresa pagou contas e quitou fornecedores. Agora em setembro, que completamos dois anos da medida, já poderemos sair da recuperação judicial. Conseguimos dar a volta por cima, graças a Deus e graças a muito trabalho feito pela nossa equipe. Trabalhamos muito e conseguimos nos recuperar”, declarou Mauro na ocasião, pouco tempo antes de se tornar governador.

Até setembro de 2018 44% dos débitos estavam quitados. A crise na do grupo começou em 2014. As empresas tinham uma expectativa de faturamento de R$ 440 milhões, em razão de grandes contratos em Mato Grosso, Rondônia, Acre e Piauí.

Porém, tal cifra não foi atingida por vários fatores, entre eles a demora para receber um aditivo de R$ 55 milhões junto à empresa Matrinchã Transmissora de Energia, que só foi pago em dezembro do ano seguinte. O fator crucial, segundo Mauro Mendes, foi a deflagração da Operação Ararath, em que ele foi alvo de busca e apreensão.

Por conta da perda do crédito e do comprometimento dos cronogramas de obras e entregas, o grupo acabou por faturar R$ 321,7 milhões dos R$ 440 milhões previstos, fechando o ano com prejuízo contábil e financeiro.

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