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Zaqueu: Taques sabia das escutas e MPE fechou portas

O ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel PM Zaqueu Barbosa, em cerca de três horas de depoimento ao juiz da 11ª Vara Criminal Especializada em Justiça Militar, Marcos Faleiros, revelou todos os detalhes de como começou a operar a chamada “Grampolândia Pantaneira” em Mato Grosso.

Zaqueu é reú na ação das escutas ilegais e disse que elas começaram a serem operadas no período eleitoral de 2014, quando Pedro Taques (PSDB), então senador da República, foi candidato ao Governo do Estado.

Naquela época, Taques enfrentaria Lúdio Cabral (PT), José Geraldo Riva (PSD), entre outros candidatos.

José Riva, que era deputado estadual, acabou tendo a candidatura cassada, no seu lugar entrou a esposa, Janete Riva (PSD).

Para dar início às escutas ilegais, Zaqueu Barbosa relatou que ele foi procurado, em sua casa, pelo próprio Pedro Taques, sendo este acompanhado do primo, Paulo Taques, mais tarde secretário da Casa Civil.

De acordo com o ex-comandante da Polícia Militar, que neste período estava no Estado Maior da PM, ele aceitou participar das grampos porque teria acreditado que as interceptações ilegais só ocorreriam durante o período eleitoral.

Zaqueu disse que para começar a operar as escutas, os primos Pedro e Paulo Taques disseram que estariam ocorrendo roubos em alguns comitês eleitorais, além de ter conhecimento de que haveria quantidade de dinheiro nesses locais.

O coronel afirmou que por várias vezes teve reuniões com Pedro e Paulo Taques, para isso, ele já pediu para que seus advogados possam anexar documentos em sua defesa comprovando os encontros.

No reinterogatório, desta terça-feira (16), Zaqueu evidenciou que não prestou todos os esclarecimentos ainda durante o início das investigações porque teve receio de descortinar todos os fatos.

Segundo o oficial, sua família foi ameaçada no período em que ele esteve recluso.

Zaqueu Barbosa também comentou que buscou fazer delação premiada junto ao Ministério Público Federal, assim que deixou a prisão, em fevereiro do ano passado.

Que junto à Procuradoria Geral da República os fatos tratados caminhavam bem, quando o então governador Pedro Taques (PSDB) encerrou o mandato e a ação desceu para o Ministério Público do Estado (MPE), já que o tucano era investigado junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Depois que ele saiu do cargo (Pedro Taques) eu já estava solto, estava em casa, com algumas medidas restritivas, eu bati na porta do Ministério Público, e o Ministério Público diz que não existe fatos novos, a tentativa foi feita, porém, as portas (MPE) foram fechadas”.

O advogado Diogo Botelho, que patrocina a defesa de Zaqueu Barbosa, acredita que o seu cliente trouxe à luz todos os elementos que envolviam a “Grampolândia Pantaneira”.

Os grampos

Reportagem do programa “Fantástico”, da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio de 2017 que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.

A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (MDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.

Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados.

OUTRO LADO

Pedro Taques nega ter autorizado as escutas ilegais. Ele explicou que a delação premiada é instrumento importante para combater crimes, porém o que é falado pelo delator, precisa ser provado.

“Notadamente em se tratando de delações cruzadas, onde, acusados na mesma ação, acusam um terceiro, sem qualquer prova”, diz.  Pedro Taques reforça que confia na verdade e na Justiça. “Já pedi pra ser ouvido no Ministério Público e na polícia; ninguém está acima da lei. Quando tomei conhecimento dos fatos investigados, pedi providência, imediatamente”, reitera o ex-governador.

O advogado Paulo Taques, ex-secretário-chefe da Casa Civil, afirmou que desde o primeiro interrogatório até este terceiro só trazem versões. “Nenhuma prova. Há mais de dois anos espero para ser ouvido. Tomara que isso ocorra logo, para que eu possa desmentir ponto por ponto do que foi dito contra mim. Isso se não pedirem o quarto interrogatório”, ironizou o advogado. Com Gazeta Digital

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